‘Dirceu está tranquilo e confiante’, diz advogado do acusado de ser o mentor do mensalão

Por Ricardo Banana
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Tranquilo e confiante. Com essas palavras, o advogado de José Dirceu descreveu o cliente uma semana antes de ele ser julgado pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha no processo do mensalão.

O ex-ministro da Casa Civil, todo poderoso nos primeiros anos do governo Lula, é acusado pelo MPF (Ministério Público Federal) de ser o chefe do suposto esquema de distribuição de recursos em troca de apoio político.

De acordo com o defensor do réu, José Luis Mendes de Oliveira Lima, Dirceu fica em sua casa, em São Paulo, e não acompanha o julgamento pela televisão. Mas os dois conversam todos os dias sobre as decisões dos juízes. No entanto, o advogado não quis comentar o teor das conversas.

— Esse é um assunto meu e dele.

Seguindo a estratégia de desqualificar a acusação, o advogado mantém a tese de que não há provas no processo capazes de incriminar seu cliente e, por isso, Dirceu está tranquilo.

— Ele está tranquilo, confiante no STF, no julgamento técnico, com base nos autos. Não há nenhuma prova, nenhum documento, nenhuma circunstância que indique que o meu cliente tenha chefiado alguma organização de corrupção.

Preparado para tudo

No entanto, o advogado de outro réu, mas que mantém relações de amizade com Dirceu, revelou à colunista do R7, Christina Lemos, que ele trabalha com vários cenários como possíveis resultados do julgamento do mensalão e estaria se preparando para uma sentença desfavorável.

— Ele está pronto para tudo e, inclusive, já preparou a mãe.

A mãe de José Dirceu, Olga Silva, tem 92 anos e vive em Passa Quatro, no sul de Minas. Foi lá que o ex-ministro passou os dias que antecederam o início do julgamento.

Ainda de acordo com o advogado, José Dirceu calcula ter, pelo menos, cinco votos pela sua absolvição.

O escândalo

Dirceu era ministro-chefe da Casa Civil quando a denúncia de mensalão veio à tona, em 2005. Depois das acusações do então deputado Roberto Jefferson, ele renunciou ao cargo e reassumiu a cadeira de deputado federal na Câmara dos Deputados. No entanto, foi cassado em dezembro de 2005 e teve os direitos políticos suspensos por oito anos.

Atualmente ele tem uma empresa, a José Dirceu & Associados, e trabalha como consultor de empresas estrangeiras que desejam investir no Brasil. Isso inclui negociações com o governo brasileiro.

Dirceu rejeita a afirmação de que é um lobista e que usaria sua influência no PT para o trabalho na sua empresa. Em uma das últimas entrevistas de TV, foi veemente ao diferenciar as funções.

— Não, não sou lobista. Sou consultor. Sou advogado. Por que os outros consultores não são lobistas e eu sou? No Brasil, lobby tem o caráter de tráfico de influência. E isso eu não faço.

José Dirceu também mantém um blog, no qual analisa os indicadores econômicos e as políticas adotadas pela presidente Dilma Rousseff. Os artigos mais recentes são sobre as eleições municipais e o desempenho do PT nas campanhas.

Até 15 anos de prisão

A acusação do MPF (Ministério Público Federal) sustenta que José Dirceu era o chefe da quadrilha que distribuía propina para parlamentares por meio das empresas de Marcos Valério.

Quando fez a sustentação oral da denúncia, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, fez questão de enfatizar que, ao contrário do que diz a defesa, a procuradoria tem certeza de que o ministro da casa Civil no governo Lula foi o “autor intelectual” do esquema.

— O acusado afirma que não existe prova de que tenha praticado os atos. Isso porque, como quase sempre ocorre com os chefes de quadrilha, o acusado não aparece nos atos de execução do esquema. Mas a Procuradoria Geral comprovou os atos praticados por José Dirceu.

Se for condenado, Dirceu pode pegar até 15 anos de prisão pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha.

Fonte: R7

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