Dólar sobe mais de 2% após medida do governo; Bolsa cai

Por Ricardo Banana
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O dólar comercial reage à nova medida do governo para evitar a desvalorização da divisa americana e amplia a valorização frente ao real. Às 13h30m, a moeda americana subia 2,01%, cotada a R$ 1,821 na venda e R$ 1,819 na compra. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), abriu a segunda-feira em queda e, no mesmo horário, operava com baixa de 0,62% aos 66.291 pontos, repercutindo preocupações com a Grécia e a China.

A Bolsa voltou a abrir mais cedo, às 10h, após o fim do horário de verão. A negociação da moeda americana começou com atraso devido a problemas técnicos com os contratos futuros de dólar na BM&F.

O mercado de câmbio repercute a nova medida do governo para conter a desvalorização do dólar. A alíquota de 6% do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) foi estendida para empréstimos externos com prazo até cinco anos (1,8 mil dias). No dia 1º de março, a equipe econômica já havia elevado o prazo desses empréstimos de dois para três anos, mas a medida surtiu pouco efeito. A medida vale para contratações feitas a partir de hoje.

– O mercado reage à nova medida para frear a entrada de dólar. O mercado tinha um piso informal de R$ 1,70, mas parece que o governo agora busca R$ 1,80. O mercado já espera novas medidas – diz o gerente de câmbio da Corretora Treviso Reginaldo Galhardo.

– É o governo brigando contra o mercado e a forte entrada de recursos registrada nos primeiros meses do ano. Com essas intervenções, o que vemos é que, embora o governo diga que a flutuação do dólar é livre, temos um câmbio administrado – diz o sócio da Corretora Pionner, João Medeiros.

Operadores de câmbio ouvidos pelo GLOBO afirmam que o piso do dólar é de R$ 1,70 e o teto é de R$ 1,90.

– Desta vez, o governo usou seu ‘arsenal’ de medidas para frear o dólar quando a moeda estava em R$ 1,78, no fechamento da última sexta-feira – afirma o operador de uma corretora de São Paulo.

Para José Carlos Amado, operador de câmbio da corretora Renascença, mais do que a medida adotada nesta segunda-feira, a forte alta do dólar é uma reação do mercado a toda uma sinalização dada pelo governo, que está fazendo prevalecer uma tendência de alta nas cotações.

– O mercado já incorporou a sinalização do governo – avalia Amado, referindo-se às medidas já adotadas, aos discursos da presidente Dilma Rousseff sobre o “tsunami monetário” e as indicações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o governo utilizaria todas as armas disponíveis para evitar a queda excessiva do dólar.

No campo corporativo, o mercado analisa os resultados do último trimestre de 2011 da Hypermarcas, divulgados. Analistas da corretora do Banco Fator avaliaram os números como ruins. A Fator modificou a recomendação de compra dos papéis para manutenção. O preço-alvo das ações continua em R$ 12,10.

Em relatório assinado pelos analistas Iago Whately e Gabriel De Gaetano, a Fator avalia que apesar de o lucro bruto ter vindo maior que o esperado, “a margem bruta continua baixa em relação ao histórico da companhia, que também reportou alto patamar de despesas operacionais”. Para os analistas, o lucro líquido foi inferior às estimativas da corretora, sobretudo em função de despesas financeiras superiores ao esperado, o que mais do que compensou o resultado da venda dos ativos de higiene e limpeza. As ações ON da empresa caem mais de 3% nesta segunda a R$ 11,07.

As Bolsas americanas operam sem tendência definida repercutindo as incertezas sobre a Grécia e sinais de desaceleração da economia chinesa. O governo da China informou que a balança comercial registrou um déficit de US$ 31,5 bilhões no mês de fevereiro, acima da previsão dos analistas.

As principais bolsas da Europa operam sem tendência definida. Em Madri, o índice Ibex cai 1,26%; o Dax, da Bolsa de Frankfurt, sobe 0,21%; o Cac, da Bolsa de Paris, tem queda de 0,09% e o FTSE, ds Bolsa de Londres, sobe 0,04%. A crise da Grécia também continua no foco dos investidores, que repercutem ainda novos indicadores da economia da zona do euro. Os ministros das Finanças da zona do euro se reúnem nesta segunda para decidir se aprovam o novo pacote de 130 bilhões de ajuda financeira ao país.

Na Grécia, credores detentores de swaps de crédito (CDS, na sigla em inglês), contratos de derivativos para proteção contra calotes, poderão exercer o direito de receber pagamento sobre esse papéis. Estima-se que a ação gere um pagamento em torno de US$ 3,2 bilhões aos investidores de CDS. E isso preocupa o mercado.

Nesta segunda, a agência de classificação de risco Moody’emitiu nota avaliando que o programa de troca de títulos da dívida da Grécia evita um default imediato, mas alertou que os riscos de um calote são bastante altos.

– A Grécia enfrentará desafios significativos nos próximos anos para alcançar as metas fiscais necessárias para atender às condições impostas para receber o apoio financeiro, e retornar a uma posição fiscal sustentável – diz o documento.

Na Itália, o Instituto Nacional de Estatísticas divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB) do país caiu 0,7% no quarto trimestre de 2011, em comparação com o terceiro trimestre do ano passado. Este foi o segundo trimestre seguido de retração o que mostra que o país está tecnicamente em recessão.

A tendência é que o PIB italiano recue ainda mais no começo deste ano. A estimativa do Fundo Monetário Internacional (FMI) é que a terceira maior economia da zona do euro encolha 2,2% neste ano.

Na Ásia, os mercados fecharam em baixa nesta segunda-feira. O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, fechou em queda de 0,4%, após ter atingido o maior nível em sete meses. O índice de Seul encerrou em baixa de 0,78% e, em Hong Kong, a Bolsa teve ganho de 0,23%.

Nesta jornada, os investidores preocupam-se também com dados econômicos da China. Segundo a Administração Geral de Alfândegas, o país apresentou um déficit comercial de 31,48 bilhões em fevereiro. Foi o pior resultado desde 1989, segundo o jornal britânico “Daily Telegraph”. Somado o aumento do déficit comercial a outros fatores como, por exemplo, a redução da meta de crescimento para 2012, é possível sugerir que a econômia do país está perdendo fôlego.

 

Fonte: O Globo

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