Entidades pedem “bom senso” de Barbosa no STF

Por Ricardo Banana
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imageRepresentantes da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) e da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) criticaram nesta sexta-feira (16), em nota conjunta, a postura do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, durante a sessão de ontem (15) no julgamento de recursos da Ação Penal 470, o processo do mensalão.

A sessão de ontem foi encerrada por Barbosa após discussão com o ministro Ricardo Lewandowski durante apreciação de recurso – embargo de declaração – do ex-deputado federal Bispo Rodrigues (PL-RJ). O presidente do Supremo criticava o colega por dificultar o andamento do processo. Durante o bate-boca, Lewandowski disse que o STF não devia ter pressa no julgamento, quando Barbosa respondeu: “Fazemos o nosso trabalho. Não fazemos chicana”.

Sem citar o nome de Joaquim Barbosa, as entidades alegam na nota que o episódio afeta a imagem da Corte. “A insinuação de que um colega de Tribunal estaria a fazer ‘chicanas’ não é tratamento adequado a um membro da Suprema Corte brasileira. Esse tipo de atitude não contribui para o debate e pode influir negativamente para o conceito que se possa ter do próprio tribunal, pilar do Estado Democrático de Direito”, destacaram.

No texto de repúdio, os presidentes da AMB, Nelson Calandra; da Ajufe, Nino Toldo; e da Anamatra, Paulo Schmidt, ainda alertaram que os magistrados precisam ter independência para decidir e não podem ser criticados por ter posições antagônicas na mesma Corte. “Eventuais divergências são naturais e compreensíveis em um julgamento, mas o tratamento entre os ministros deve se conservar respeitoso, como convém e é da tradição do Supremo Tribunal Federal”.

A discussão entre os dois ministros começou quando Lewandowski tentava reabrir análise sobre a condenação por corrupção passiva do ex-deputado federal Bispo Rodrigues. Joaquim Barbosa argumentava que os recursos não permitiam “arrependimentos” ou mudança da pena. Após ser acusado de fazer “chicana”, o ministro Lewandowski exigiu retratação, mas não foi atendido.

A chicana é um termo jurídico pejorativo, que diz respeito a manobras protelatórias, como a apresentação de recursos ou a discussão de aspectos irrelevantes, que visam somente ao prolongamento do processo, retardando a apresentação ou o cumprimento de uma sentença. Os dois ministros já protagonizaram outros episódios de desentendimento, durante a primeira fase do julgamento do caso, no ano passado. (247)

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1 comentário

Lio 16 de agosto de 2013 - 19:50

É no mínimo preocupante, observar a mais alta instância do nosso judiciário, mostrando em cores vivas a incapacidade de dialogar e resolver seus problemas. Há poucos dias o PAPA Francisco sabiamente apelou para o diálogo permanente como forma de dirimir qualquer divergência; parece que que alguns membros do STF não se aperceberam que a funções e os cargos que ocupam exige sobriedade, serenidade e autocontrole, sobretudo para quem preside um colegiado, ainda mais sendo este o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Como podemos ensinar o respeito mútuo aos nossos alunos? certamente que é necessário firmeza em aplicar a justiça, punir aqueles que safadamente dilapidaram a coisa pública é imperativo, não dúvida quanto a isso! mais não é a primeira vez que estes doutores de forma exacerbada batem boca. Sem discutir o mérito de quem está certo penso que não é esta a melhor maneira de se fazer prevalecer um ponto de vista. Conversar, dialogar e se respeitar sempre.

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