Julgamento do Caso Jennifer Kloker começa hoje

Por Ricardo Banana
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Uma jovem turista alemã de férias no Recife em pleno Carnaval de 2010 leva tiros numa tentativa de assalto, às margens de uma estrada escura, perto da rodoviária. À polícia, a família conta o drama da perda, lamenta a violência típica da cidade e exige providências. Nos braços do pai, brasileiro, uma criança de 2 anos, com dupla cidadania: italiana e alemã. Com eles, a sogra e o sogro, um empresário italiano assustado. Essa foi a primeira cena da novela em que se transformou o caso de Jennifer Marion Nadja Kloker, 22 anos, vítima de uma trama cinematográfica concebida pela família, meses antes, na Itália. O roteiro inclui homossexualismo, fraudes, muitas mentiras, ameaças, espancamento e um seguro de vida milionário feito em nome da vítima e tendo como beneficiário o pai adotivo do seu próprio companheiro. A partir desta segunda, quando a juíza Marinês Marques Viana, da comarca de São Lourenço da Mata, no Grande Recife, iniciar os trabalhos, às 8h, no fórum da cidade, o filme chamado Jennifer chegará ao capítulo final, com a realização do júri popular. Uma trama que ganhou repercussão internacional e mobiliza, há quase três anos, policiais brasileiros e da Itália, advogados e representantes de consulados.

Entre o dia 16 de fevereiro de 2010, quando Jennifer foi encontrada às margens da BR-408, e a marcação do julgamento, em sua terceira tentativa, o caso teve muitas descobertas e reviravoltas. A família penalizada que apareceu na delegacia, nas primeiras horas da Quarta-Feira de Cinzas, está sentada no banco dos réus. A jovem alemã, que seria mais uma vítima da criminalidade urbana, surge como vítima de um plano audacioso para enriquecer os parentes. Tudo isso comandado pela sogra, Delma Freire, uma personagem singular. Além dela, estarão frente a frente com os sete jurados (gente do povo que será escolhida a partir de uma lista de 25 nomes) o filho de Delma, Pablo Richardson Tonelli, e o irmão dela por parte de pai, Dinarte Medeiros.

Também figuram como pronunciados pelo Ministério Público o pai adotivo de Pablo, Ferdinando Tonelli (que mantinha um relacionamento amoroso com ele), além do segurança Alexsandro Neves Santos, o homem acusado de puxar o gatilho, depois de receber R$ 2,5 mil como primeira parcela de pagamento pelo assassinato. “Todos acusados de homicídio duplamente qualificado e formação de quadrilha. O conjunto de provas é muito forte e acredito que eles sairão do fórum condenados”, afirma a promotora Ana Paula Walmsley.

A confiança vem de um grande leque de provas e circunstâncias comprovadas durante as investigações. Desde o primeiro momento, os delegados Alfredo Jorge e Gleide Ângelo, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), únicas testemunhas arroladas para o julgamento, que deve seguir até o dia 13, buscaram as peças para desmentir a primeira versão apresentada por Delma e pelos Tonellis. “Eles contaram que Jennifer tinha sido levada por assaltantes que estavam de moto. Muito agitada, teria sido escolhida pelos bandidos para ser capturada. Não dava para acreditar nisso”, afirma Alfredo Jorge. Gleide Ângelo revela que à medida que os fatos foram surgindo os réus entraram em contradição.

Pablo e Ferdinando confessaram. O executor do crime e o irmão de Delma, que contratou o matador, também. “Jennifer morreu porque valia um seguro de R$ 1,2 milhão. Ela atrapalhava a vida deles. Pablo batia na alemã e ela já tinha reclamado aos parentes, na Alemanha. Delma convenceu Jennifer a vir para o Brasil prometendo que depois ela iria para a Alemanha com o filho, viver em paz. Tudo mentira, porque eles só vieram com a passagem de ida”, informa.

Para a polícia, a morte de Jennifer foi o primeiro passo de uma trama ainda maior. “Ferdinando adotou Pablo na Itália. Delma queria casar oficialmente com Ferdinando no Brasil. Localizamos esses documentos e o fato seria consumado em Paulista. Ferdinando ficaria com o seguro e ela seria beneficiária indireta. Só que Alexsandro disse que já havia articulação para a morte de Ferdinando. Ele seria o próximo e Delma ficaria com tudo”, explica Gleide Ângelo.

Fonte: JC Online

 

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