Justiça prorroga por 30 dias prisão de suspeitos de envolvimento no incêndio da boate Kiss em Santa Maria

Por Ricardo Banana
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A Justiça decidiu prorrogar por 30 dias a prisão dos quatro suspeitos de envolvimento no incêndio da boate Kiss, ocorrido no último domingo (27), em Santa Maria (RS). Inicialmente, os empresários Mauro Hoffmann e Elissandro Spohr, proprietários da casa noturna, e os músicos Marcelo dos Santos e Luciano Leão, integrantes da banda Gurizada Fandangueira, tiveram a prisão temporária de cinco dias decretada. Como o prazo terminaria nesta sexta-feira (1), o delegado regional de Santa Maria, Marcelo Arigony, pediu a prorrogação. A decisão foi do juiz plantonista Régis Adil Bertolini, do Fórum de Santa Maria.

O único que não está no presídio é Spohr. Ele precisou ser hospitalizado depois do incêndio e está internado sob custódia, na cidade de Cruz Alta. Segundo a polícia, ele tentou se matar usando a mangueira do chuveiro, na noite de terça-feira (29).

Crime hediondo

Os promotores Joel Dutra e Waleska Agostini se manifestaram favoráveis ao pedido apresentado pelo delegado. Eles entenderam que a prorrogação da prisão dos suspeitos era necessária para que, durante o período, sejam obtidas novas provas ao longo da investigação policial.

Ambos destacaram que as apurações até agora indicam presença de dolo, “evidenciando a prática de homicídio doloso, tendo os representados assumido o risco de produzir como resultado a morte de mais de duzentas pessoas, por meio de asfixia”.

O jurista e professor Luiz Flávio Gomes explica que diante da suspeita de homicídio qualificado, o crime passa a ser tratado como hediondo e o prazo de prorrogação da prisão deixa de ser de mais cinco dias, conforme estabelece a Lei 7.960.

— Encarando como homicídio qualificado, o crime é hediondo. E se é hediondo, o tratamento é diferenciado. Se no final dos 30 dias, continuar a necessidade da prisão, o juiz pode converter em preventiva. Aí, não tem prazo.

Incêndio

O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, a 290 km de Porto Alegre, deixou 236 mortos e mais de cem feridos. O fogo teria começado quando a banda Gurizada Fandangueira se apresentava. Segundo testemunhas, durante o show foi utilizado um sinalizador — uma espécie de fogo de artifício chamado “sputnik” — que, ao ser lançado, atingiu a espuma do isolamento acústico, no teto da boate. As chamas se alastraram em poucos minutos.

Na terça-feira (29), o delegado regional da Polícia Civil em Santa Maria, Marcelo Arigony, informou que localizou a loja onde foi comprado o sinalizador. De acordo com Arigony, o artefato foi vendido regularmente, porém um funcionário da loja informou que a banda Gurizada Fandangueira queria comprar o mais barato para uso externo, mesmo sabendo que o seu uso seria interno. Ainda segundo a polícia, os donos da boate também sabiam dessa informação e teriam sido coniventes.

A casa noturna estava superlotada na noite da tragédia, segundo o Corpo de Bombeiros. Cerca de mil pessoas ocupariam o local. O incêndio provocou pânico e muitos não conseguiram acessar a única saída da boate. Os proprietários do estabelecimento não tinham autorização para organizar um show pirotécnico no local. Além disto, o alvará da casa estava vencido desde agosto de 2012.

Barreira de corpos

Ao entrar na boate Kiss, para socorrer as vítimas do incêndio, os integrantes da corporação se depararam com uma barreira de corpos.

O comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul, coronel Guido Pedroso de Melo, descreveu a situação.

— Os soldados tiveram que abrir caminho no meio dos corpos para tentar chegar às pessoas que ainda estavam agonizando.

Esta é considerada a segunda maior tragédia do País depois do incêndio do Grande Circo Americano, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. Em 17 de dezembro de 1961, o circo pegou fogo durante uma apresentação e deixou 503 mortos.

Fonte: R7.com

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