Mulheres se preocupam com os custos da longevidade e da aposentadoria

Por Ricardo Banana
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Em meio às transformações sociais e econômicas, um desafio vem se destacando para as mulheres: garantir uma aposentadoria segura e adequada às suas necessidades. Além de viverem mais que os homens, muitas delas enfrentam possíveis interrupções na carreira, devido à maternidade e ao cuidado com os filhos, o que impacta diretamente em suas trajetórias profissionais e na renda média ao longo da vida.
Com isso, surge uma preocupação crescente em relação aos custos da longevidade e aos desafios financeiros que acompanham o envelhecimento feminino. As abordagens sobre o tema do envelhecimento têm ganhado destaque, abrangendo diferentes áreas do conhecimento, como psicologia, medicina, saúde física e mental, em busca de soluções e estratégias que possam oferecer segurança e bem-estar às mulheres em sua fase de aposentadoria.
De acordo com informações do Ministério da Previdência Social (MPS), há uma disparidade entre as aposentadorias recebidas por mulheres e homens. Essa diferença não é exclusiva do Brasil, estendendo-se a outros países. Segundo dados do Eurostat, na União Europeia, a média da aposentadoria feminina é cerca de 30% menor do que a dos homens, com índices ainda mais expressivos em nações como Holanda, França e Dinamarca.
A realidade implica que as mulheres têm menos chances de alcançar uma renda de aposentadoria adequada ao seu padrão de vida. Além disso, provavelmente enfrentarão a necessidade de contar com esses recursos por um período mais longo, já que a sua expectativa de sobrevida – ou seja, tempo que provavelmente viverá após os 65 anos de idade – é de aproximadamente duas décadas, enquanto a dos homens é de 17 anos, totalizando 85 anos e 82 anos, respectivamente.
Busca por segurança financeira no futuro
Resultados de uma pesquisa realizada em 2022 pelo Conselho Nacional do Envelhecimento (NCOA) revelaram preocupações significativas entre as mulheres aposentadas e aquelas que estão se preparando para deixar a força de trabalho. Cerca de 90% delas expressaram preocupação com os crescentes custos de saúde, enquanto 75% se inquietaram com a perspectiva de arcar com despesas de cuidados de longo prazo no caso de limitações físicas ou mentais.
Além disso, 41% das mulheres desejavam ter ajuda para se preparar financeiramente. É importante ressaltar que a educação financeira, em geral, é baixa na população, especialmente entre as mulheres, o que pode resultar em menor envolvimento no planejamento da aposentadoria, conforme destacado pelo Guia Previdência Complementar para Mulheres, do MPS.
Os estudos DC Pulse 2021, realizados pela BlackRock, e a Pesquisa de Confiança na Aposentadoria do EBRI 2021, encomendada pela mesma empresa, corroboram a evidência das preocupações das mulheres em relação às suas aposentadorias. Por outro lado, mostram que, quando um plano de previdência é disponibilizado por meio do empregador, 88% dos trabalhadores, independentemente do gênero e do nível de renda, aproveitam essa oportunidade.
É importante reconhecer que fatores como salários mais baixos e responsabilidades domésticas podem afetar a capacidade das mulheres de economizar para a aposentadoria. No entanto, elas demonstram disposição para poupar e, em alguns casos, adotam uma abordagem mais agressiva em relação aos investimentos.
Previdência complementar
A aposentadoria fornecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é válida até o último dia de vida do beneficiário. Essa modalidade, contudo, tem duas características importantes que devem ser levadas em consideração.
Ela é calculada como uma média de todos os salários recebidos ao longo da vida. Dessa forma, provavelmente a aposentadoria será menor que o último salário recebido antes de aposentar.
Além disso, o INSS tem um limite para o valor das previdências. Em 2023, a aposentadoria máxima paga pelo Instituto é de R$ 7.507,49. Assim, caso o salário seja maior que esse limite, ou exista o desejo de se aposentar com um valor salarial acima daquele registrado para o cálculo, é importante aderir a um plano de previdência privada.
No Brasil, existem dois tipos: Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) e Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL). Os produtos da primeira categoria oferecem aos participantes a oportunidade de receber benefícios após o período de acumulação, que pode ser na forma de pagamento único, renda vitalícia ou por um prazo determinado.
Uma vantagem é que, caso o contribuinte declare imposto de renda, é possível obter um benefício tributário ao deduzir o valor das contribuições feitas para o PGBL do imposto de renda devido. Contudo, é importante lembrar que essa dedução está limitada a 12% da renda tributável.
Os produtos do plano VGBL também oferecem à segurada a possibilidade de receber benefícios após o período de acumulação, podendo ser na forma de pagamento único ou de renda. A principal diferença é que não é possível deduzir as contribuições do imposto de renda.
Entretanto, ao resgatar ou receber os benefícios, o imposto de renda incide apenas sobre os rendimentos obtidos. Isso significa que o valor acumulado não é tributado, apenas os ganhos financeiros gerados ao longo do tempo.
Educação financeira é essencial
Um estudo abrangente realizado pela gestora de investimentos americana Fidelity revelou que, nos últimos 10 anos, as mulheres tiveram retornos médios 0,4% maiores do que os homens entre seus 5 milhões de clientes. No entanto, mesmo com essa performance favorável, apenas um terço delas se enxergam como investidoras, conforme indicado por pesquisa conduzida pela empresa de análise independente CMI Research.
Em entrevista à imprensa, a pesquisadora do comportamento financeiro feminino, Elaine Fantini, observa que o conhecimento financeiro está diretamente relacionado à capacidade de investir e que o acesso à informação e ao conhecimento eleva exponencialmente a sensação de confiança. Portanto, ao investir mais em educação financeira, é possível fortalecer a confiança das mulheres em relação aos investimentos.
Apesar das estatísticas, especialistas ressaltam que as mulheres têm mostrado evolução nesse cenário. Segundo a pesquisa da CMI Research, 67% das entrevistadas estão investindo além dos planos de aposentadoria, um aumento de 44% em relação a 2018. Essa tendência demonstra uma maior disposição das mulheres em explorar e diversificar suas opções de investimento.
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Texto Agência Experta Média
Foto: karlyukav/Freepik

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