O legado político do sertanejo Osvaldo Coelho

Por Ricardo Banana
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Nascido em Juazeiro no ano de 1931, Osvaldo de Sousa Coelho veio de uma família tradicional no sertão do São Francisco. Seu pai Clementino de Sousa Coelho, mais conhecido como Coronel Quelê, tornou-se um importante líder políticos e empresarial daquela região. Osvaldo também era irmão de Nilo Coelho, que foi governador de Pernambuco e tio do atual senador Fernando Bezerra Coelho, filho do seu irmão Paulo Coelho.

Sua estreia na vida pública se deu em 1954, quando tentou seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa de Pernambuco, sendo eleito com 3.449 votos pelo PSD. No ano seguinte, formou-se em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, e passou a integrar importantes comissões da Alepe.

Nas eleições de 1958, nova vitória, desta vez com 5.630 votos e sua liderança foi se consolidando na Alepe, quando foi reeleito em 1962 com 5.660 votos e assumiu o cargo de líder do PSD na Casa Joaquim Nabuco. Em 1964 assumiu a liderança do governo Paulo Guerra e com a adoção do bipartidarismo, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional.

Já nas eleições de 1966 tenta seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados e logra êxito na empreitada. No mesmo ano seu irmão Nilo Coelho assumiu o governo de Pernambuco, de quem foi secretário da Fazenda. Nas eleições de 1970 decide não tentar a reeleição e passa a se dedicar aos negócios da família, ficando num hiato de oito anos fora da política.

Nas eleições de 1978 volta a disputar um mandato na Câmara dos Deputados, sendo novamente eleito e passa a integrar importantes comissões naquela Casa, como a de Ciência e Tecnologia. Com o fim do bipartidarismo filia-se ao PDS, partido sucedâneo da Arena. Em 1982 é reeleito para o seu terceiro mandato e participa das discussões sobre a redemocratização, apesar disso, se posicionou contra a emenda Dante de Oliveira.

Com a candidatura de Tancredo Neves e José Sarney passou a apoiar a Aliança Democrática que viria a ser eleita no colégio eleitoral em 1985. Nas eleições de 1986, é reeleito para a Câmara dos Deputados para o seu quarto mandato. Nas eleições deste ano, houve um desentendimento entre a família Coelho, onde Osvaldo, pelo PFL apoiou José Múcio Monteiro e Fernando Bezerra Coelho, pelo PMDB apoiou a candidatura de Miguel Arraes.

Como deputado constituinte, Osvaldo Coelho teve atuação destacada sobretudo em ações voltadas para o sertão nordestino, em especial o sertão do São Francisco, motivo da sua atuação. Em 1990 é reeleito para o quinto mandato na Câmara Federal, conquistando mais três mandatos, em 1994, 1998 e 2002. Nas eleições de 2006 ficou apenas numa suplência, assim como em 2010.

Nas eleições de 2008 teve papel importantíssimo na vitória de Julio Lossio para prefeito de Petrolina. Ainda rompido com o sobrinho, que era secretário de Desenvolvimento Econômico, Fernando Bezerra Coelho, assistiu de camarote a briga entre o então prefeito Odacy Amorim e o deputado federal Gonzaga Patriota pela indicação do PSB para a disputa. Patriota acabou sendo o nome do partido, a contragosto de Fernando e Odacy, e enfrentou Julio Lossio, que filiado ao PMDB tornou-se a grande sensação da disputa em Petrolina, atingindo o mandato como prefeito, sendo reeleito em 2016.

Nas eleições de 2014 houve a reconciliação da família Coelho, e Osvaldo apoiou o sobrinho para o Senado Federal, que acabou eleito na chapa de Paulo Câmara. Em 1 de novembro de 2015, aos 84 anos, Osvaldo Coelho veio a óbito, encerrando uma trajetória de serviços prestados a Petrolina, ao sertão do São Francisco, a Pernambuco e ao Brasil.

Uma das grandes conquistas do deputado Osvaldo Coelho para o sertão do São Francisco foi a chegada da Universidade Federal do Vale do São Francisco, beneficiando Juazeiro (BA), Petrolina (PE), São Raimundo Nonato (PI), Senhor do Bonfim (BA), Paulo Afonso (BA) e Salgueiro (PE).

A existência de Osvaldo Coelho durante seus onze mandatos, três de estadual e oito de federal, foi de um homem público dedicado ao seu povo. Preocupado em desenvolver sua região que mudou consideravelmente com sua atuação parlamentar na Câmara dos Deputados. A sua partida não apagou tudo o que Osvaldo de Sousa Coelho representa para a política pernambucana, seu legado permanece vivo no sertão do São Francisco, seja na educação, na fruticultura irrigada, e em tantas ações que fizeram de Petrolina uma cidade próspera no nordeste brasileiro. (Por Edmar Lyra)

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