O que fazer com o aumento de R$ 56 do salário mínimo?

Por Ricardo Banana
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A empregada doméstica Maria da Conceição, de 40 anos, tem um bom motivo para comemorar a chegada de 2013. Assim como milhões de brasileiros, ela será beneficiada com o aumento do salário mínimo, que no dia 1º de janeiro passou de R$ 622 para os atuais R$ 678. Indo para a ponta do lápis, são R$ 56 a mais por mês. Mas será que este acréscimo vai fazer tanta diferença assim no final das contas?

Ela comemora o aumento, mas reconhece que o valor ainda é pequeno. “Achei muito bom, mas poderia ser maior. A gente tem tanta coisa para pagar e o custo e vida é alto. Mas agradeço a Deus que recebo essa quantia, porque tem tanta gente que nem isso recebe”, conforma-se a doméstica. Ela pretende utilizar o valor a mais para ajudar no pagamento de algumas dívidas.

Maria da Conceição está certa. Apesar do reajuste de 8,83% no salário mínimo, o dinheiro que vai para o bolso dos brasileiros será apenas 2,73% maior que o antigo valor. Isso porque os 6,1% restantes são para recuperar o que o trabalhador teve que desembolsar com o aumento de preços ao longo do ano. O professor de mercado de capitais da Faculdade Boa Viagem (FBV) Roberto Ferreira alerta que o crescimeto nos preços de alguns produtos e serviços pode anular o aumento do mínimo.

“Os combustíveis serão reajustados neste ano, e há também os gastos com material escolar, típicos desta época”, pontua. Segundo o professor, os preços no comércio também devem sofrer alteração, já que os lojistas precisam ajustar suas folhas de pagamento para o novo valor.

Ainda segundo o economista, caso Maria da Conceição decidissse aplicar os R$ 56 a mais na poupança durante todo o ano, no mês de dezembro ela teria uma quantia de R$ 687,54 na caderneta. Isso levando em consideração uma taxa de 0,42% ao mês. “É praticamente impossível que uma pessoa consiga aplicar todo esse valor na poupança. O custo de vida é alto, e uma família não consegue se manter apenas com essa quantia”, enfatiza.

Segundo cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o aumento representará um acréscimo anual de R$ 32,2 bilhões na economia nacional. “Apesar da desaceleração econômica que estamos vivendo, a taxa de desemprego continua alta”, afirma o consultor José Fernandes, da Federação do Comércio de Pernambuco (Fecomércio-PE). Segundo ele, é o consumo que está sustentando o crescimento da economia brasileira. E com o aumento do salário mínimo, a tendência é de que o consumo também cresça. No cenário local, a expectativa é de que o setor de alimentação seja o mais beneficiado.

“Os gastos com esse setor são ligados diretamente à renda. Se há um aumento, por menor que seja, a tendência é de que as pessoas gastem mais com alimentação”, analisa. “Individualmente, o aumento não tem muito significado, mas quando observamos coletivamente, o peso é grande”, conclui.

O superintendente da Câmara dos Dirigentes Lojistas do Recife (CDL), Hugo Philippsen, explica que o aumento será sentido como um todo pelo comércio, já que o poder de compra da população será um pouco maior. Mas ele diz que o setor alimentício deverá ser o mais beneficiado com o reajuste do mínimo. “Alimentação é a base de qualquer pessoa ou família. Seria ideal que as pessoas utilizassem este acréscimo para melhorar a qualidade dos produtos que consomem”, reforça.

É o que afirma a professora Fátima Macena, do curso de economia doméstica da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Para ela, o ideal é que as pessoas procurem locais mais baratos, como as feiras livres. “Enquanto nos supermercados os preços já são fixos, nas feiras o consumidor tem a possibilidade de pechincar”, lembra. Nesse sentido, os consumidores poderiam consumir mais frutas e verduras, por exemplo, já que em muitas vezes o preço é por unidade, diferentemente dos supermercados, onde o valor é cobrado por quilo.

Apesar das boas expectativas para o setor de alimentação, a Associação Pernambucana de Supermercados (Apes) não acredita que a área será beneficiada. “O aumento foi muito pequeno. Não acho que vá impactar tanto assim”, afirma o diretor executivo da Apes, Heudes Caroleno. (Diario de Pernambuco)

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1 comentário

kid 3 de janeiro de 2013 - 11:22

Pagar o SAF.

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