O VALE ACORDOU E ESTÁ DE OLHOS BEM ABERTOS

O gigante acordou e acordou bem, provavelmente, o Brasil nunca será o mesmo. Essas mobilizações em todo o país traduzem alguns pontos: Primeiro, há um inconformismo com o atual sistema político brasileiro, a impressão que passa é que eles não representam de fato os anseios da população. O povo nas ruas numa proporção nunca visto antes é o grito de quem não aguenta mais tanta opressão, tanto descaso e, de ser ignorado em suas necessidades básicas, chega de tanta hipocrisia! A saúde pede socorro, não cremos que faltam os recursos, cremos sim no mau uso e aplicabilidade do dinheiro público, fazemos vistas grossas e as pessoas penam nas filas dos hospitais em busca de um atendimento eficiente, às vezes em busca de um medicamento simples e não encontra, são esses motivos e outros mais que a população brasileira está indo às ruas. O segundo motivo, é que somos a sexta economia mundial e, vivemos como se fôssemos mendigos, pagamos altas taxas de impostos e recebemos um serviço de má qualidade no transporte e outros setores da sociedade. A terceira reivindicação é concernente a educação: Queremos qualidade no ensino, mas também queremos a valorização dos nossos professores no que tange ao piso salarial da categoria, escolas decentes e reformadas, dignas de um ser humano frequentar. Se temos dinheiro para construir estádios de futebol no padrão FIFA, nada contra é claro, podemos priorizar esses serviços à nossa população de igual modo. A quarta pauta de reivindicação é a questão da segurança: Vivemos um momento de instabilidade institucional, vez que as nossas casas representativas estão em descrédito perante a opinião pública e de insegurança também. São tantos crimes, tantas injustiças sociais, tantas impunidades, roubo seguido de morte aumentou consideravelmente no país. A proliferação do mal é como um câncer que destrói mortalmente. Fazemos de nossas casas uma verdadeira prisão, com grades de ferro, circuitos internos, câmaras de segurança, mesmo com todo esse arsenal de prevenção, tornam-se debalde e, ficamos inseguros e cheios de temor com tantas barbáries que vemos no nosso dia a dia. São necessárias leis mais rígidas e o cumprimento delas, sem que haja diferenciação de cor ou classe social, uma mudança no nosso código penal precisa ser feito urgentemente. E a quinta pauta de protesto é a corrupção: Parece que esse mal se instalou em nossa cultura de tal forma, que se manifesta de várias formas. Quando damos aquele jeitinho brasileiro o que se caracteriza? Quando sabemos fazer o correto e não fazemos e utilizamos manobras o que é isso? Quando usamos dos meios ilícitos para obtermos vantagens o que é isso? Quando usamos o poder de influência e até a função que ocupamos num órgão público o que é isso? A corrupção também se manifesta em desvios de do dinheiro público, quando não é usado para aquela finalidade destinada, quando o valor excede ao valor de mercado licitado, quando há troca de favores em forma de propina etc. São essas bandeiras que estão sendo erguidas pelos manifestantes, o povo cansou de vez, não dá mais para voltar atrás. Não é só a classe proletária que está incomoda com essa situação, a classe média também, todos sofrem com o comportamento dos nossos representantes, entretanto, chegou à hora do grito de liberdade, a massa quer uma resposta rápida, não quer vê discursos eloqüentes, a população quer ver os resultados, querem ver os investimentos, ações reais e concretas do dinheiro público. Além disso, a concentração de riquezas está nas mãos de uma minoria, são os latifundiários, os grandes empresários, os conglomerados financeiros, tudo isso, preciso ser revisto, é necessário que haja uma ampla discussão das centrais sindicais nesse sentido, não podemos admitir lucros de mais para uns e lucros cada vez de menos para outros. Se essas pautas de reivindicações não forem atendidas ou pelo menos se não houver uma atenção especial, o país está a caminho de uma guerra civil. Muita coisa precisa ser corrigida, deve existir contenção de gastos excessivos na Câmara Federal, na Câmara do Senado, no poder central, que é a União, nas Assembleias Legislativas dos Estados e nas Câmaras de Vereadores, como também os poderes Executivos em sua forma de contratar e gastar, se queremos mudanças, temos que cortar na carne, assim como faz um médico quando não encontra mais solução para um paciente e, se faz necessário amputar um dos órgãos para salvar a vida daquela pessoa. O Brasil não quer ser mais rotulado com um país de samba, carnaval e futebol. O gigante acordou e quer reescrever uma nova história. A não aprovação da PEC-37 é uma amostra que o congresso já está ouvindo os reclames do povo, e uma demonstração da força e do poder que tem uma população mobilizada em prol de um objetivo comum. A queda da popularidade da Presidente Dilma nas últimas semanas é um indício forte do seu julgamento no que diz respeito a sua reeleição. Tanta a nossa Presidente e nossos representantes políticos precisam dá uma resposta à sociedade em relação essas reivindicações, porque esses movimentos tendem a se fortalecerem. A nível local é preciso que haja uma pauta de discussão com os líderes do movimento o vale acordou, os gestores da cidade de Juazeiro, Isaac Carvalho e Petrolina, Dr. Júlio Lóssio não podem ficar de fora assistindo tudo e não se pronunciarem, há muita coisa que precisa ser priorizada em relação aos dois municípios para a sociedade: Transporte público, saúde, educação, segurança, investimentos, a ilha do fogo e outras demandas. Tudo isso precisa ser bem discutidos e dentro do possível atendidos. O movimento é legítimo, as pautas são legítimas e mais do que justo levantarem-se em prol dos interesses de toda a sociedade civil de forma democrática e pacífica, sem que haja depredação e desordens de quaisquer naturezas.

Antonio Damião Oliveira da Silva

Guarda Municipal Petrolina/PE

Professor de Matemática

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