OAB: Doutor Ulysses faz muita falta na política do País

Por Ricardo Banana
A+A-
Reset

Ao lembrar hoje (12) a passagem dos vinte anos da morte do advogado tributarista e um dos principais líderes políticos do país que combateram a ditadura militar no país, deputado Ulisses Guimarães, o presidente da OAB do Rio de Janeiro (OAB-RJ), Wadih Damous afirmou que “Ulisses foi um gigante do parlamento brasileiro, onde exerceu um papel elogiável na oposição à ditadura militar e na luta pela redemocratização do Brasil”. Acrescentou Damous que “no momento de tanta mediocridade em que vivemos e de um Congresso Nacional desacreditado, doutor Ulisses faz muita falta”.

 O ex-presidente da Câmara dos Deputados e do MDB, Ulysses Silveira Guimarães, nasceu na vila de Itaqueri da Serra, hoje distrito do município de Itirapina, que na época era parte do município de Rio Claro, no interior paulista, em 6 de outubro de 1916. O acidente em que morreu quando estava a bordo de um helicóptero em Angra dos Reis, no sul do estado do Rio de Janeiro, ocorreu na manhã do dia 12 de outubro de 1992. Morreram no mesmo acidente a sua esposa D. Mora, o ex-senador Severo Gomes, a esposa deste e o piloto. O corpo de Ulysses foi o único que nunca foi encontrado.

 Ulisses teve uma vida acadêmica ativa, participando do Centro Acadêmico XI de Agosto e exercendo a vice-presidência da União Nacional de Estudantes (UNE). Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), vindo a exerceu profissionalmente a advocacia na área de Direito Tributário. Durante muitos anos foi professor na Faculdade de Direito da Universidade Mackenzie, onde veio a se tornar professor titular de Direito Internacional Público. Lecionou ainda Direito Municipal na Faculdade de Direito de Itu, e Direito Constitucional na Faculdade de Direito de Bauru.

 Na política, Ulisses foi eleito deputado estadual, por São Paulo, à Constituinte de 1947, na legenda do Partido Social Democrático (PSD). A partir deste momento, não deixaria mais a política, sendo eleito deputado federal pelo seu estado por onze mandatos consecutivos, de 1951 a 1995. O último mandato não pode terminar por causa do acidente fatal em Angra dos Reis. Em 1965, um ano após o golpe militar no país e com a instauração do bipartidarismo, filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), do qual seria vice-presidente e, depois, presidente. Foi também presidente do Parlamento Latino-Americano, de 1967 a 1970.

 Em 1973, lançou sua anticandidatura simbólica à Presidência da República como forma de repúdio ao regime militar, tendo como vice o jornalista e ex-governador de Pernambuco, Barbosa Lima Sobrinho. À frente do partido, participou de todas as campanhas pelo retorno do país à democracia, inclusive a luta pela anistia ampla, geral e irrestrita. Com o fim do bipartidarismo (1979), o MDB converteu-se em Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), do qual seria o seu presidente nacional.

 Junto com os ex-governadores Tancredo Neves MG), Orestes Quércia (SP) e Franco Montoro (SP), Ulysses liderou novas campanhas pela redemocratização, como o movimento de restabelecimento das eleições diretas no país, popularmente conhecidas pelo slogan: Diretas Já. Exerceu a presidência da Câmara dos Deputados em três períodos (1956-1957, 1985-1986 e 1987-1988); presidindo a Assembleia Nacional Constituinte, em 1987-1988. A nova Constituição, na qual Ulysses teve papel fundamental, foi promulgada em 5 de Outubro de 1988, tendo sido por ele chamada de Constituição Cidadã, pelos avanços sociais que incorporou no texto.

 Devido à sua grande popularidade, candidatou-se à Presidência da República, na sigla do PMDB, nas eleições de 1989 mas acabou derrotado por Fernando Collor de Mello e Luiz Inácio Lula da Silva.

Escrito por Magno Martins, às 12h15

Blog do Banana

Related Posts

Deixe um comentário