Para garantir abastecimento na Copa, térmicas ficarão ligadas o ano todo

Por Ricardo Banana
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Enquanto prepara uma mudança que, no médio prazo, mudará o perfil energético do Brasil (de hidrelétrico para hidrotérmico), o governo decidiu no curto prazo manter ligadas, durante todo este ano, as térmicas a gás natural e carvão. A afirmação foi feita ao jornal “Valor” pelo diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp.

A medida, segundo Chipp, é manter os reservatórios das hidrelétricas o mais cheios possíveis, para evitar problemas de abastecimento de no ano que vem, quando acontece a Copa do Mundo.

Na entrevista ao “Valor”, Chipp afirmou que não existe previsão nem mesmo para o desligamento das térmicas a óleo, de custo de operação mais elevado.

Procurado pela Folha, o diretor da ONS não falou. A assessoria do órgão disse que não poderia confirmar nem desmentir a informação.

NOVO PADRÃO

A expansão da geração de energia com fontes térmicas, mais caras e poluentes, é reflexo direto de uma decisão tomada na última década pelo Brasil. Após a pressão ambientalista, o país aceitou reduzir o tamanho das novas usinas hidrelétricas. A consequência foi a redução da capacidade de guardar água nas usinas.

A necessidade de reforçar permanentemente a produção termelétrica, no longo prazo, é confirmada pelo secretário de planejamento e desenvolvimento energético do Ministério das Minas e Energia, Altino Ventura.

“As hidrelétricas sozinhas já não dão conta de atender a demanda do país”, afirma Ventura, responsável por moldar toda essa mudança.

“Já usamos termelétricas para complementar a oferta, mas o que precisamos agora é buscar térmicas com custo de combustível barato para fazer com que gerem durante todo o tempo, como fazem as hidrelétricas.”

O governo se convenceu de que precisará adicionar térmicas na base da geração para atender o crescimento da demanda de 4,8% ao ano ao longo desta década.

Até 2021, horizonte do atual Plano Decenal de Energia, a carga necessária para abastecer o Sistema Interligado passará de 61,5 mil MW para 90,3 mil MW médios.

O uso das termelétricas no país não é novo — o investimento cresceu após o apagão de 2001 e, hoje, soma mais de 30.000 MW em capacidade instalada. Mas elas eram contratadas para eventualidades, e não para o dia a dia.(uol)

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