Projeto Pernambuco Agroecológico é apresentado na COP27

Por Ricardo Banana
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Iniciativa do Governo do Estado prevê ações que ampliem a preservação ambiental em consonância com o incentivo a sistemas agroecológicos e orgânicos no enfrentamento à insegurança alimentar e nutricional e combate à fome
O projeto Pernambuco Agroecológico foi uma das iniciativas brasileiras apresentadas na Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), realizada no Egito. A ação, que vem sendo concebida por meio de uma cooperação entre várias secretarias e órgãos do Governo do Estado, terá o intuito de promover o desenvolvimento rural sustentável, garantindo a implantação de ações estruturadoras que ampliem a diversificação, o beneficiamento e a produção em sistemas agroecológicos e orgânicos na agricultura familiar, com permanente assistência técnica. Entre os pilares do projeto, está a prevenção à desertificação, a ampliação da comercialização de alimentos saudáveis e o combate à insegurança alimentar e nutricional.
A apresentação no Egito foi feita pela secretária estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Inamara Melo, que comentou sobre os desafios para a obtenção de financiamento para projetos como esse. “Nos últimos anos, houve corte de investimentos federais em ações com viés social. Além disso, investir no semiárido brasileiro, no bioma caatinga, ainda não atraiu os fundos verdes internacionais, que têm suas atenções, em geral, voltadas unicamente à Amazônia. É justo que a gente cuide do pulmão do mundo, mas o que fazer com regiões que sofrem com a estiagem e o risco de desertificação, intensificados velozmente pelos efeitos climáticos, como é o nosso caso?”, apresentou a gestora, que está representando o Governo de Pernambuco na COP27.
Em fase de captação de US$ 60 milhões junto ao Banco Mundial, o Pernambuco Agroecológico, quando implantado, terá execução do Programa de Desenvolvimento Econômico e Territorial (ProRural) e do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), ligados à Secretaria de Desenvolvimento Agrário, além da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade, com parceria da Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude (SDSCJ), de prefeituras, conselhos, universidades e organizações não governamentais. A ideia é que, em permanente escuta e construção conjunta com os agricultores familiares, seja possível viabilizar mais de 500 projetos para fortalecer a produção agroecológica e orgânica e a gestão ambiental em todos os municípios pernambucanos e na Ilha de Fernando de Noronha, impactando cerca de 40 mil famílias.
A coordenadora do convênio de cooperação técnica do Governo do Estado para a implantação da Política de Agroecologia e Orgânicos, Luciana Azevedo, que tem trabalhado na elaboração do projeto dentro da SDSCJ desde 2021, explica que, nessa perspectiva transversal, uma das ações que dialogam com o Pernambuco Agroecológico é o Programa Pernambuco que Alimenta, executado com o objetivo de viabilizar a compra, junto a agricultores familiares, de 80 mil kits de produtos alimentícios para destinação a famílias em vulnerabilidade social. Também se somam a esse esforço a implantação e reabertura de cozinhas comunitárias e as compras públicas para merendas escolares, hospitais e equipamentos estaduais e municipais.
“A apresentação do projeto na COP27 foi um passaporte para um Pernambuco portador de futuro, integrando a produção agrícola em sistemas agroecológicos e orgânicos por meio dos agricultores familiares, buscando a sustentabilidade ambiental e a prevenção à desertificação, mas, sobretudo, avançando no acesso à alimentação saudável e no combate à fome, essa grande dívida social, cada vez mais agravada, para a qual todos nós devemos buscar saídas de forma cooperada”, avalia.

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