Relator do processo de cassação de Moro votou a favor do ex-juiz numa ação contra Glenn Greenwald

Por Ricardo Banana
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Carrasco Falavinha assumiu a relatoria no TRE com a renúncia do desembargador D’Artagnan Serpa, que, segundo a imprensa, estava inclinado a condenar Moro

O desembargador que assumiu a relatoria da ação no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) que pede cassação de Sergio Moro votou a favor do ex-juiz no processo em que este queria a exclusão de postagens do jornalista Glenn Greenwald no antigo Twitter.

O desembargador, Luciano Carrasco Falavinha, também tem o mesmo sobrenome da empresária Mercedes Falavinha Iensen, que responde (ou respondeu) a processo por lavagem de dinheiro na Justiça Federal do sul do país, com recursos que tramitaram no Tribunal Regional Federal da 4a. Região.

Como contei no documentário “A Grande Farsa – Como Moro enganou o Brasil e ficou rico”, Moro, depois da Lava Jato, se mudou para o apartamento de um andar, no Juvevê, bairro nobre de Curitiba, num condomínio em frente ao prédio comercial em que Rosângela Moro também ocupa duas salas (veja vídeo abaixo).

Coincidência ou não, as salas comerciais também estão em nome de Mercedes Falavinha Iensen. Na época, procurei seu administrador, que também é sobrinho de Mercedes, e ele disse que era coincidência, já que todos esses imóveis teriam sido alugados por meio de imobiliária.

O desembargador Falavinha foi voto vencido no julgamento da 8a. Câmara Cível, em fevereiro deste ano. Ele concordou com a decisão de primeira instância, que obrigava o Twitter (atual rede X) a excluir postagens em que Glenn criticava Sergio Moro. Em uma delas, Glenn escreveu:

“O corrupto juiz brasileiro que ordenou a prisão de Lula em 2018 para impedi-lo de concorrer à presidência, e que em seguida foi trabalhar para Bolsonaro ocupando o cargo de ministro da Justiça (como uma forma de deixar de acusar Bolsonaro de corrupção), está agora concorrendo à presidência da República, e acusa Bolsonaro e Lula de fazerem campanha de apoio a Putin”.

Glenn recorreu da decisão da primeira instância, e o relator na 8a. Câmara Cível, Hélio Henrique Lopes Fernandes Lima, considerou que não era o caso de excluir as postagens, derrotando Falavinha.

“A remoção dos conteúdos referentes ao agravado, então pré-candidato à Presidência da República, implicaria em lesão à liberdade de opinião política do agravante, que exerce papel de imprensa, suscitando evidente censura. Registre-se que a Constituição Federal garante a todos a liberdade de manifestação do pensamento, de criação, expressão e informação, sendo vedado o seu controle ou limitação”, disse.

O voto do desembargador Luciano Carrasco Falavinha em favor de Moro dez meses atrás preocupa observadores da política no Paraná, sobretudo por conta de como ele assumiu a relatoria.

O desembargador D’artagnan Serpa Sá renunciou ao posto no momento em que começaram a ser ouvidas as testemunhas do caso.

O mandato de D’Artagnan terminaria em 16 de dezembro e, segundo o que foi publicado na imprensa, ele pretendia iniciar o julgamento de Moro antes de deixar o tribunal.

Carrasco Falavinha, que foi nomeado para o TRE-PR em julho, ficou com o caso. Moro, também de acordo com o que foi publicado na imprensa, teria dito que não seria cassado, pois tinha uma “bala de prata”.

Que bala é esta? Ele não disse.

Até a renúncia de D’Artagnan, a cassação de Moro era dada como certa no Paraná, sobretudo em razão das provas que compõem a ação.

Moro gastou mais de R$ 14 milhões  na campanha ao Senado, incluindo despesas da pré-campanha, quando se apresentava como potencial candidato a presidente.

O limite de gastos para a campanha ao Senado no Paraná, fixado pela própria Justiça eleitoral, era de R$ 4,4 milhões.

O empresário Tony Garcia, que foi agente infiltrado de Moro, acompanha o desenrolar da ação no TRE e estranha o movimento que levou Carrasco Falavinhas ao posto de relator.

“Não sei o grau de parentesco, mas só existe uma família Falavinha em Curitiba e, além disso, o voto que ele deu a favor de Moro no caso do Glenn é preocupante. Eu espero que ele tenha isenção e vote de acordo com as provas do processo, que são muitas no sentido de que Moro abusou do poder econômico e político”, afirmou.

Com informações: Brasil 247

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