Rio+20: Tecnologias para aproveitamento de água salobra no Semiárido

Por Ricardo Banana
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O aproveitamento das fontes de recursos hídricos salinos e salobros é alternativa pra mitigar a crise de abastecimento de água, especialmente nas zonas áridas e semiáridas do planeta. No Brasil, pesquisas realizadas pela Embrapa Semiárido e Embrapa Meio Ambiente viabilizam o uso na dessedentação animal, criação de peixes e irrigação de plantas que toleram sais.

Estas possibilidades produtivas estão incorporadas a uma política pública do governo brasileiro, por meio do Ministério do Meio Ambiente: o Programa Água Doce.1

O modelo físico de uma Unidade Demonstrativa (UD) em uso nesse programa governamental está instalado no Espaço Brasil, localizado na Barra da Tijuca, durante a Rio+20. De acordo com o pesquisador da Embrapa, Gherman Garcia Leal Araújo, o modelo mostra os componentes que funcionam vinculados à UD e tornam sustentável a exploração das águas salobras que existem em abundância no subsolo do Semiárido brasileiro.

O objetivo do programa é ofertar, às famílias de baixa renda nas áreas rurais da região Nordeste e norte de Minas Gerais, o acesso permanente à água de boa qualidade e com mínimo impacto ambiental. Cerca de 100 mil pessoas de 152 pequenas comunidades já se beneficiam da água potável, tratada em equipamentos dessalinizadores.

Em alguns desses locais, o programa integra ao dessalinizador tecnologias de agricultura biossalina pesquisada na Embrapa. De acordo com Gherman, o rejeito que resulta do tratamento da água, ao invés de despejado no solo, é canalizado para reservatórios onde são criados peixes da espécie Tilápia e daí é distribuído para irrigação da planta forrageira.

Quando atirado no ambiente, o rejeito afeta a fertilidade do solo e degrada a vegetação nativa. A introdução da agricultura biossalina neste sistema gera alimento e renda, e – um aspecto fundamental – reduz os impactos ambientais, afirma o pesquisador.

Nos úlltimos dois anos, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o governo brasileiro investiu recursos em projeto de pesquisas coordenado pela Embrapa e envolveu profissionais de universidades federais para ampliar a sustentabilidade das tecnologias adotadas pelo Programa Água Doce.

“Conseguimos gerar mais tecnologias que aumentam as possibilidades de uso das águas salinas, formas mais flexíveis ou robustas da criação de peixes nos tanques com água salgada e do cultivo sob irrigação sazonal tolerante ao estresse salino, com novas espécies como palma, leucena, melancia forrageira, pornunça, gliricídia, cunhã, mamona, lã de seda, sorgo ponta negra e milho caatingueiro”, garante Gherman.

Com a erva-sal já se dispunha de bons resultados: planta de boa qualidade forrageira (16% de proteína) chegava a produzir 15 t/ha/safra, e ainda conseguia retirar cerca de 10% do sal contido no rejeito usado na irrigação. Com as pesquisas financiadas pelo BNDES, os resultados já estão bem melhores: bastou um método simples e barato – aplicação de gesso agrícola no solo – para aumentar em 33,4% a biomassa, e a colheita da erva-sal subiu para 18 t/ha; por outro lado, cresceu a capacidade de retirada dos sais do solo para 34,86%.

“É preciso entender que o Semiárido apresenta características próprias e a presença de sal em boa parte dos seus solos e lençóis freáticos é uma delas, logo a ‘Agricultura Biosalina’ é uma alternativa fantástica a ser adotado pelos produtores da região, podendo trazer benefícios de produção e sustentabilidade, mesmo diante das alterações climáticas que se desenham e se instalam no planeta”, explica o pesquisador.

 

Contatos:

Gilberto de Souza Pires

Hgi153@ig.com.br

3861-4442 / 3861-4947

 

Gherman Garcia Leal Araújo – pesquisador;

ggla@cpatsa.embrapa.br

 

Fernanda Birolo – Jornalista (MTb/AC 81)

fernanda.birolo@cpatsa.embrapa.br

 

Marcelino Ribeiro – Jornalista (MTb/BA 1127)

marcelrn@cpatsa.embrapa.br

87 3866 3734

 

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