Vereadores divergem sobre retirada de pediatras da sala de parto

A última sessão da Câmara foi palco da discussão entre os vereadores Dr. Pérsio Antunes (PMDB) e Cristina Costa (PT), sobre a proposta do Governo Federal na possibilidade de estabelecer novas diretrizes sobre parto cesáreo, com dispensa da presença de pediatra na sala de parto quando não houver risco nem para o bebê e nem para a mãe.

O assunto incendiou a Casa Plínio Amorim quando o Dr. Pérsio Antunes subiu na tribuna e fez a seguinte declaração. “A Federação Brasileira da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia, a Associação Médica Brasileira, a Sociedade Brasileira de Pediatria, os sindicatos dos médicos, os conselhos regionais, todos contra esta decisão e o Governo decide então a retirar o pediatra, o neonatologista, da sala de parto baseado em redução de custos. É melhor você prevenir que uma criança morra ou deixar ela morrer sem assistência? Para o Governo deva ser mais fácil deixar ela morrer sem assistência pois o custo é menor. É um risco desta decisão, gente. Isto é uma vergonha. É uma contramão retirar um Pediatra da sala de parto é igual a tirar um anestesista para fazer uma anestesia na hora em que o paciente precisa.

O Governo não está dando nada a ninguém, ele está privatizando a saúde e a educação brasileira de uma forma silenciosa. Eu acho que o Governo quer fazer da nossa medicina que nem em Cuba: os técnicos cuidando das pessoas.”, disparou

Em defesa do Governo Federal, a petista Cristina Costa, que é a favor desta proposta, discordou do colega Pérsio Antunes, e em resposta declarou. “A minha educação vem de berço. A carapuça assenta em quem couber. Não estou aqui para atingir, mas há dados bem claros que mais de 50% de partos no Brasil são cesáreos onde sua grande maioria deveria ser parto normal. A meta do Ministério da Saúde não é 50% de parto cesáreo, é 15%, e nós precisamos enfrentar isto. Então aqui não quero atingir ninguém, mas é preciso que a verdade seja dita, quando veio aqui repudiar e dizer que é irresponsável tirar um Pediatra da equipe da sala de parto. Por que muitos médicos, obstetras, ao ir fazer o parto se não tiver o Pediatra não faz o parto e quem se prejudica é a mulher. Então Presidente quero reconhecer aqui o papel da importância dos médicos, mas existe sim e a carapuça cabe em quem puder e a minha educação diz claro: agente de saúde comunitário, agente de endemias, profissional competente e responsável tão quão importante como Enfermeiro, como técnico e como Médico.”

Rebatendo o posicionamento da vereadora, o Dr. Pérsio Antunes a respondeu e até quem, não diretamente, estava envolvido no debate, como o vereador Geraldo Acerola (PT), foi alfinetado pelo vereador. “Aqui eu fui desrespeitado e eu costumo não levar desaforo para casa. Eu tenho que dar resposta na tampa da cara. Aqui chamaram a máfia dos médicos, dos hospitais privados, isto eu vou pegar esta gravação e vou levar para o Conselho Regional de Medicina e também para o Sindicato dos Médicos que aqui eu nunca chamei Professor de mafioso, nem de preguiçoso. Quem não entende das leis, fala por último e ainda fala um monte de besteiras. Provarei aos senhores que falou um monte de besteiras, pois o Governo que está ai é incompetente, inconsequente, irresponsável e sem compromisso com a população. Eu uso as barbas da lei, não uso as mentiras e as inverdades e o desrespeito com que os vereadores que se dizem vereadores do Partido dos Trabalhadores, está causando o maior transtorno dos últimos 80 anos que o trabalhador já sofreu na sua história. Não seu presidente eu fui citado e fui ‘chacotado’ até por Acerola que quando apodrece nem bicho quer.”

É preciso salientar que depois da repercussão negativa e dos demais posicionamentos de toda a sociedade brasileira, o Ministério da Saúde garantiu que fará mudanças no texto colocado em consulta pública com diretrizes para o parto. Tal proposta, duramente criticada por entidades médicas, abria espaço para que partos fossem feitos sem a presença de um profissional especializado em reanimação neonatal, algo considerado perigoso diante do número de bebês que nascem precisando de atendimento rápido. (Grande Rio FM)

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