ACM Neto terá como herança a missão de reeditar o carlismo em pleno século 21

Por Ricardo Banana
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Foi carregando o bônus e o ônus da sigla que lhe serve hoje como prenome que ACM Neto se elegeuFoi carregando o bônus e o ônus da sigla que lhe serve hoje como prenome que ACM Neto conseguiu se eleger prefeito de Salvador neste domingo, aos 33 anos. Neto do político mais emblemático da Bahia na segunda metade do século XX, Antônio Carlos Magalhães Neto tinha um mês e meio de vida quando seu avô chegou pela segunda vez ao governo do estado, indicado novamente pelos militares. Mas, se o avô se desenvolveu na política sempre associado ao poder federal, o destino do herdeiro foi o oposto.

Eleito pela primeira vez em 2002, aos 23 anos, ACM Neto chegou à Câmara dos Deputados justamente quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o Palácio do Planalto. Com o PFL na oposição ao PT, conseguiu construir uma carreira meteórica de líder oposicionista. Em dois anos, deixou de ser um mero herdeiro político para se transformar num nome autônomo. E o momento dessa mudança se deu justamente na crise do mensalão. Advogado formado na Universidade Federal da Bahia, Neto conseguiu o posto de sub-relator da CPI dos Correios e investigou a relação dos fundos de pensão com o esquema.

A mesma atuação na CPI que serviu como seu grito de independência tornou-se também a origem de um de seus maiores percalços. Desde 2008, quando tentou pela primeira a prefeitura de Salvador, seus adversários têm como principal arma de campanha o vídeo do famoso discurso que fez na Câmara ameaçando “dar uma surra” no então presidente Lula. Este ano, foi preciso ir à TV para fazer uma retratação formal.

O agora prefeito eleito entrou formalmente na política aos 20 anos, em 1999, quando filiou-se ao PFL Jovem. Três anos depois, quando se tornou deputado federal, a preocupação do avô era toda voltada para o tio Luís Eduardo Magalhães — queria elegê-lo governador em 2002 para tentar alçá-lo à Presidência da República em seguida. O sonho foi interrompido com a súbita morte de Luís Eduardo por infarto em 1998, aos 43 anos.

Ainda assim, ACM Neto não se tornou imediatamente o herdeiro natural da família. O velho ACM preferia investir politicamente em Luís Eduardo Magalhães Filho, o Duquinho — que não seguiu a carreira. Foi o neto que carrega seu nome que ressuscitou o carlismo tantas vezes decretado como morto.

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