ESPAÇO DO LEITOR: A DIGNIDADE CUSTA UM PACOTE DE FEIJÃO NO HIPER BOMPREÇO DE PETROLINA/PE

Por Ricardo Banana
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Vivi ontem, dia 23/02/2013, um fato que me deixou indignada, uma atitude de desrespeito, ignorância e má preparação profissional dos funcionários e da equipe do supermercado mencionado no título. A pessoa ofendida não fui eu, mas a natureza do problema e a minha interação com o ocorrido não me permitem ficar calada diante desse absurdo.

Estava com minha filha ontem e realizamos uma compra de alguns itens de alimentação e limpeza para nossa residência, enquanto aguardávamos na fila, fomos abordadas por um jovem de aparência humilde com aproximadamente 15 anos, que com educação descrição e um certo receio, me pediu que lhe comprasse um pacote de feijão.

Isso mesmo, um simples pacote de feijão, não me pediu dinheiro, não me pediu futilidades, não fez apelos, nem veio com frases prontas apelativas, apenas pediu um pacote de feijão, disse, inclusive, que iria buscar para que eu não tivesse que deixar a fila. Eu o encarei por alguns instantes e enxerguei fome, desespero, medo, humildade, enxerguei uma pessoa vítima de uma sociedade que no auge de sua ausência de perspectiva recorreu a um estranho para lhe prover o que um sistema público eficiente deveria assegurar a todos.

Eu concordei e ele agiu prontamente, foi até o corredor, buscou o feijão e retornou rapidamente, nem sequer escolheu um dos tipos mais caros ou de marcas mais consagradas, pegou um modelo simples, tradicional, tipo aquele que nossa mãe manda comprar quando não temos muito dinheiro, sei porque passei por isso na minha infância.

Foi o primeiro item a passar na minha lista, como demonstra o comprovante que demonstro acima. Tão logo foi feito o registro a empacotadora colocou o produto numa sacola e o entregou ao garoto.

Quando encerrou-se o registro das minhas compras, às 15h32min, realizei o pagamento, e enquanto terminávamos o empacotamento vi a moça que me auxiliava no caixa interceder numa situação um pouco distante dizendo “não façam isso, foi a moça aqui que pagou o feijão dele”, prontamente me atentei para o ocorrido e então percebi o absurdo: quando tentava sair do supermercado, pelo corredor de caixas, com o item na sacola, o segurança lhe tomou o produto, mandou que uma funcionária devolvesse à prateleira e o tangiam como quem tenta afastar um bicho ameaçador. Uma senhora que estava na minha frente na fila do caixa tentava explicar o ocorrido, mas não era ouvida pelos funcionários grosseiros e intolerantes. Enquanto isso o pobre garoto se silenciava diante do constrangimento, acuado num canto sem saber o que fazer ou para onde ir.

Dei de encontro com a funcionária que retornava com o feijão e imediatamente ORDENEI, sim ordenei aos gritos, que a mesma retornasse imediatamente e devolvesse o produto ao rapaz, pois eu havia realizado o pagamento.

E assim começou a confusão e a sucessão de absurdos que só pioraram a situação. A moça devolveu o produto ao rapaz e o mesmo rapidamente se foi sem que percebêssemos ou que um pedido adequado de desculpas lhe fosse ofertado.

O segurança informou que a medida fora tomada porque ele estava sem o recibo, porque estava importunando os demais clientes e porque estava andando pela loja com produtos na mão há algum tempo com aparência suspeita.

Ora, nada disso justifica a conduta, primeiramente, não encontraram nada escondido no rapaz, quanto ao recibo, não lhe deram a chance de explicar que eu havia pago, não procuraram explicações e nem me questionaram, antes de tomar medidas mais radicais. Ora, o produto estava em uma sacola e o garoto saia do corredor de caixas, tudo isso são indícios de que o pagamento havia sido realizado, por quem quer que fosse, mas nada disso foi levado à conta. O interessante é que frequento aquele estabelecimento há anos e nunca me pediram para verificar um produto sequer, nunca tive minha nota solicitada, nunca, assim como muitos outros acredito eu.

Outro funcionário logo se aproximou ao ver a confusão e informou que esse era o procedimento padrão, mas que padrão esse para se adotar!?! Então com meu carrinho cheio de mercadorias sugeri que, em cumprimento ao procedimento padrão, o mesmo verificasse item por item na nota se eu também não estaria subtraindo nada, pois saí do mesmo corredor que o garoto sem apresentar recibo, mas o mesmo informou que isso não seria preciso pois eu “era diferente”.

“Diferente”, um conceito meio complexo, já que acredito que sejamos todos diferentes, mas a minha falta de ingenuidade me fez concluir exatamente o que ele quis dizer, então solicitei que explicasse claramente, mas adverti-lo de que isso era discriminação, preconceito e até mesmo crime, acredito eu. Então ele ficou sem palavras, não soube mais o que dizer, não tinha mais o que dizer, enquanto nós, que demos uma voz àquele menino, esbravejávamos indignadas e um público já bastante grande, atento ao que era dito, questionava.

Aumentando a bola de neve que a situação se tornou me disseram que se eu desejasse fazer isso novamente deveria entregar a mercadoria fora do supermercado. Cada vez mais revoltada informei que o que faço com minhas mercadorias não era problema de nenhum deles, se quisesse eu poderia simplesmente derramar tudo ali, largado, e ir embora, porque diferentemente daquele menino, eu pude pagar por aquelas compras, e depois que passei daquele caixa tudo era meu, não sendo mais da conta de nenhum deles o que faço com meus produtos ou a quem entrego cada um deles, nem dentro, nem fora do supermercado.

Em mais uma tentativa frustrada de justificação me disseram que eu não estava ajudando o rapaz, pois ele provavelmente venderia o feijão para comprar drogas, acreditem, sim, me disseram isso, ali, descaradamente, na frente de todo mundo. Os profissionais supostamente sérios e preparados para assegurar a segurança do estabelecimento, para lidar com consumidores, para solucionar crises em um estabelecimento comercial de grande porte, é triste, mas eles fizeram isso.

Gente estúpida, mal preparada, de mente fechada, preconceituosos, julgando por estereótipos, taxam o rapaz de bandido, tomaram-lhe o produto. Eles sim é que me perturbam e me incomodam, não aquele menino que precisava de ajuda, que pediu ajuda, se bem que eles também precisam de ajuda, precisam urgentemente aprender como se trata uma pessoa com respeito, porque todos merecem respeito, TODOS!!!

Seguranças, supervisores, responsáveis pela administração, todos tentado justificar o injustificável. Mas a explicação é simples: discriminaram, taxaram, suspeitaram, acusaram e condenaram o rapaz sem uma chance de explicações ou defesa.

Não porque o mesmo tenha agido errado, não porque estivesse sem o recibo, mas porque era simples, humilde, estava mal vestido, um tanto quanto sujo, pedindo ajuda, estava receoso de ser expulso, se esquivando e depois de tantos nãos, procurava um ser humano que lhe ofertasse um pouco de solidariedade, mas acreditaram que ele não poderia ter pago um pacote de feijão que custou R$ 4,56 (quatro reais e cinquenta e seis centavos), e antes de apurar o ocorrido com responsabilidade, foram totalitários e intolerantes, todo esse absurdo por causa de um produto desse valor! Esse estabelecimento e esses funcionários incompetentes que não souberam lidar com a situação são uma vergonha para nossa comunidade, ou até mesmo para toda a raça humana.

ROZANI ALVES COSTA

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20 comentários

Junior Ferreira 2 de março de 2013 - 20:08

Até hoje já tem 26.751 compartilhamentos no facebook isso não foi uma bricaderinha de mal gosto foi pra todos uma falta total de respeito para com o ser humano um total preconceito de todos os funcionarios deste mercadinho de merda isso mesmo merda pois tamanho não é documento não adianta ter uma grande estrutura se por dentro esta podre vocês são uma vergonha não só para Petrolina mas para todo o Brasil isso ficou marcado em vocês idiotas que agora vão ter vergonha de usar até a farda de onde trabalhão bonito isso não……..

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Junior Ferreira 2 de março de 2013 - 19:59

Quer dizer que agora os empregadinhos estão com medinho de perde o emprego que por que não pesam antes de fazer a merda se o hiper bom preço que dar uma resposta boa para população e a midia tem que começar e demetindo todo o quadro de funcionarios e treinar e capacitar o novo quadro direto no assunto curto e grosso Junior Ferreira.

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ERICKSON SANTANA DA SILVA 28 de fevereiro de 2013 - 17:33

parabéns rosani,este supermercado a cada dia que passa não merece ficar no nosso bairro,com mercadorias de segunda qualidade,remarcando produtos vencidos,produtos embalados pela propria redee tem mais se reparar bem vejam as condiçóes do supermercado,ventilação pessima,sujeira total,nem parece da rede walmaster.valeu rosani,justiça neles.

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Rodolfo 26 de fevereiro de 2013 - 13:00

usar de*

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Rodolfo 26 de fevereiro de 2013 - 12:59

REalmente eh impressionante o despreparo! Absurdo a falta de sensibilidade. Se não tivesse preparo profissional..pelo menos usade de um mínimo de educação.

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odilo 26 de fevereiro de 2013 - 9:42

¨“se entra uma pessoa de terno e gravata leva até as cuecas dos seguranças .

SOCIEDADE HIPÓCRITA

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lira 26 de fevereiro de 2013 - 9:40

parabens rozani vc feis o q muitos ve e baixa a cabeça

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odilo 26 de fevereiro de 2013 - 9:29

sacanagem por isso insiste o ladrão oque se passa na cabeça dessa criança vai fica marcado para sempre na memoria dele que HORROR ………………….

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defensor de petrolina 26 de fevereiro de 2013 - 7:33

Cabe um processo por danos morais, o hiper teria que pagar uma indenização, para aprender selecionar e treinar seus funcionários a lidar com gente de todas as classes, baixa, media e alta.

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jane 25 de fevereiro de 2013 - 22:32

acompanhando as palavras do Augustão, devemos mesmo ficar atentos, eu particularmente, ajudo a maioria q me pede, mas fico com um pé atrás, porq nem todo mundo pede porque precisa.

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jane 25 de fevereiro de 2013 - 22:28

sociedade hipócrita.

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jane 25 de fevereiro de 2013 - 22:27

e isso ai,mandou mt bem, eu também faria a mesma coisa.

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Oliveira 25 de fevereiro de 2013 - 22:08

A pessoa só poe ser chamado de ladrão e preso se for pego com o roubo na mão. E não pelas aparencias. Este povo tem que aprender a trabalhar. Esta senhora está totalmente correta.

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Paulo César 25 de fevereiro de 2013 - 19:43

Muito engraçado… Diariamente pessoas como esta torcem o nariz para um mendigo, ou um bêbado ou qualquer outro pedinte sujo e mal trapilho que lhes estende a mão. Mas nesta ocasião é tomada por forte emoção ao se deparar com uma pobre criança pedinte… E dezenas de outras pessoas movidas por pura emoção vem ao encontro do seu manifesto. Dezenas virão só pra aparecer movidas por mais hipocrisia do que amor. Será que não passa por sua cabeça que o segurança está sim SEGUINDO ordens? Será que não passa por sua cabeça que este mesmo segurança perderá seu emprego em função desse showzinho medíocre e hipócrita? Será que não passa por sua cabeça que esse segurança possa ter filhos que passaram a ter um pai desempregado e passarão a ter necessidades, inclusive de FEIJÃO também? Porque você não passou a compra em separado sua hipócrita e deu o cupom fiscal ao menino??? Os pobres desse pais não precisam de quem lhes dê peixes senhora hipócrita. Os pobres desse pais precisam de quem lhes ensine a PESCAR. Hoje esse mesmo menino está no mesmo supermercado abordando outra CLIENTE como fez com você. Igual a ele centenas estão a fazer o mesmo em supermercados, lojas, esquinas, semáforos e etc…E continuarão a fazer o mesmo porque nós HIPÓCRITAS ficamos colocando a CULPA nas pessoas erradas. Continuamos elegendo pessoas erradas, continuamos nos esquivando da culpa que é só NOSSA. Essas crianças desde a mais tenra idade se acostumam a PEDIR nos semáforos da vida, e crescem sabendo fazer apenas isso. Se tornam adultos PEDINTES, inertes e dependentes da compaixão humana e incapazes de se defender de seus reais inimigos que estão no poder, nos vendo digladiar por MIGALHAS e pondo uns a culpa nos outros.

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Rosangela 26 de fevereiro de 2013 - 11:30

Paulo eu não vou discutir com você o aspecto social dessa questão, haja vista que não tem preparo para tal. Vou buscar aqui a questão mais elementar possível RESPEITO. Descartados todos os outros complexos pontos dessa polêmica, o mais cruel e mais simples de se ver é a falta de respeito com o ser humano, lamentavelmente baseada no aspecto físico, nas vestimentas, etc. Que critérios ou lupa usaria aquele segurança, que aliás eu espero mesmo que perca o emprego para aprender lidar com gente, que dom visionário teria ele para com uma simples olhada decidir quem presta, quem não presta. Quem merece confiança, quem não merece. Pessoas precisam atrelar respeito em qualquer ação. O efeito da esmola ou que ele faria com ela não é o fundamental aqui, o que indigna a todos é a forma da abordagem, como a pessoa foi tratada, tratada não, discriminada. Hipocrisia mesmo é não fazer uma pequena parte, sua parte, por que o sistema está corrompido. Excelente a citação de um Mestre, Professor da Univasf, no facebook – “A diferença da situação da Rozani é que ela não adotou o silêncio. E como diria Martim Luther King, “o que mais me preocupa é o silêncio dos bons”.
Você que lê estas linhas quantas vezes viu coisas parecidas e ficou em silêncio? Então, a banalização do mal floresce de nossa omissão.”

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NERIVAL ARAÚJO 27 de fevereiro de 2013 - 16:46

Esses seguranças e empregados de empresas, além de labutadores, têm a certeza que precisam ser bajuladores e subservientes de patrão, para seu maior conforto. Isso é puríssima perversidade. Eles pensam que agradam os clientes com essa prática, porém hoje a mentalidade vem mudando e é uma vitória. O negro, o pobre são sempre monitorados e vigiados nestes lugares, existe uma orientação para isso ser feito. Quando tem ocorrências de assalto praticado pelos verdadeiros bandidos perigosos, logo se escondem, se ocultam e se calam. Veja agora quem queria roubar? Responda agora quem era o verdadeiro marginal. E as vítimas? O garoto e a senhora seriam roubados, e sem falar dos outros crimes. Os bons advogados desta cidade poderiam pegar esta causa e servir como exemplo, sem utopia, deveria ser feito um B.O de Apropriação Indébita e Improcedente. Isso é orientação da cúpula desta empresa, certeza. O genocídio continua, junto com a servidão. É revoltante essa ocorrência, é revoltante também a nossa tolerância, a nossa sonolência. Eu particularmente tenho uma ligeira desconfiança que esses produtos tomados a força, ou registrados a mais no caixa, nem sempre por erros, tem outro destino final, são muitas as ocorrências deste tipo sem registros, tenho conhecimentos espaçados e fico sabendo posteriormente e achando sempre estranho, sem falar as perversidades humanas.

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cleidimar 25 de fevereiro de 2013 - 17:46

não devemos julgar pelas aparencias,esse menino só estava padindo feijão, se estivesse querendo roubar não iria no shopping um lugar onde tem bastante gente.temos que ter mais humildade.infelizmente no mundo que vivemos nossos crianças sofrem com as desigualdade .

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AUGUSTÃO 25 de fevereiro de 2013 - 15:00

SEI QUE A ATITUDE DESSA SENHORA FOI DE CORAÇÃO, POREM DEVEMOS FICAR COM UM PÉ ATRÁS. TEM UM GAROTO, MAIS OU MENOS COM A IDADE QUE ELA CITOU, QUE PEDE DINHEIRO NA CALÇADA ENTRE A APAMI EO BANCO DO BRASIL. POIS BEM, ESSE MESMO GAROTO EXIBIA UM INGRESSO DA AREA VIP DO “SE FOR BEBER ME CHAME” E DIZENDO QUE FOI COMPRADO COM O DINHEIRO DOS OTÁRIOS, ESSE FATO ACONTECEU NO BAIRRO PEDRA LINDA ONDE O MESMO MORA E NÃO PASSA NESSECIDADE, POIS APESAR DA IDADE BEBE E FUMA TODO DIA.

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*** 25 de fevereiro de 2013 - 14:33

*poderoso.

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*** 25 de fevereiro de 2013 - 14:32

PARABENS ROZANI!!
Estou com vc! As pessoas jugam demais por aparencias. Pobres coitados, mal sabem eles que são muito mais dignos de pena doque esse garoto. Porque ele pode ser pobre financeiramente mais essas pessoas são pobres de espirito!! Abobinavel tal atitude e vc esta certa em espalhar essa palhaçada pra mostrar pra todo mundo que o todo podesoroso supermercado bom preço de BOM não tem é nada!!

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