Governadores criticam, em conferência no Recife, políticas federais de meio ambiente

Por Ricardo Banana
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Governadores e vice-governadores do Nordeste presentes à Conferência Brasileira de Mudanças do Clima (CBMC), aberta na manhã desta quarta-feira (6), no Recife, indicaram um distanciamento do Governo Federal em relação à região e às políticas de preservação ao meio ambiente. Entre os temas centrais do evento, as discussões sobre redução das emissões de carbono e políticas para o cumprimento do Acordo de Paris, entre outras questões relacionadas ao meio ambiente.

Na chegada para a cerimônia de abertura, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, informou que o encontro nasceu a partir da negativa de o Governo Federal de sediar COP25 [Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2019]. “A negativa do Governo Federal fez com que os Estados e diversas instituições se juntassem e realizassem a CBMC. Não podemos fugir desse debate tão importante para os estados e municípios”, completou Câmara. A CBMC, que vai até sexta-feira (8), na Arcádia Paço Alfândega, no Bairro do Recife, acontece às vésperas da COP25, que será realizada em Madrid, na Espanha, em dezembro próximo. Em 2018, o Brasil retirou a candidatura a país-sede do evento.

Paulo Câmara ressaltou ainda a importância da discussão de políticas que prezem pelo desenvolvimento sustentável. “Precisamos discutir um desenvolvimento que não olhe apenas para a questão econômica, mas que considere o meio ambiente e o bem-estar social”, afirmou.

A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), classificou como “imperdoável” a ausência de representantes do Governo Federal na Conferência. “A presença dos governadores do Nordeste nesta conferência e o atestado do compromisso que firmamos com o meio ambiente. Estamos enfrentando um desastre ambiental e não temos o apoio do Ministério do Meio Ambiente, por exemplo”, disse a governadora. Fátima também ressaltou a priorização de políticas de desenvolvimento sustentável pelos estados do Nordeste.

Governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra

Governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra – Foto: Rafael Furtado/Folha de Pernambuco

Além de Paulo Câmara e Fátima Bezerra, estão presentes os governadores Wellington Dias (Piauí); Belivado Chagas (Sergipe); Camilo Santana (Ceará); Renan Filho (Alagoas) e João Azevedo (Paraíba), além do interino da Bahia, João Leão. Também participa a vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos; além dos vices do Maranhão, Carlos Brandão Júnior; e Eliane Aquino, de Sergipe.

Carta nacional
Na abertura do evento, foi apresentada uma carta assinada pelos governos de todas as unidades da Federação. O secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais e presidente da Associação Brasileira dos Órgãos Estaduais do Meio Ambiente, Germano Vieira, afirmou que “o meio ambiente é responsabilidade dos três níveis. Mas, em termos regionais, estamos desempenhando nosso papel, inclusive como integrações entre os estados em iniciativas como essa”.

Questionado sobre o afastamento do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, do Partido Novo, ao qual é filiado o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, o secretário afirmou que “não pode se pronunciar em relação à questões partidárias”. No entanto, Vieira reforçou o distanciamento das entidades em relação ao Ministério do Meio Ambiente.

Indígena
A questão indígena também deve ser debatida na confereência. Silvia Puxcwji, líder indígena maranhense, afirmou que “o desenvolvimento do país vem causando a morte da sociedade indígena”. “A nossa vinda para cá não é só para salvar o meu povo, mas para salvar a unidade de planeta”, afirmou a maranhense. A demarcação de terras também indígenas foi cobrada pelos líderes das comunidades nativas. (Folha-PE)

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