Oi: Clientes passam a ser responsabilidade de Vivo, TIM e Claro após conclusão do negócio

Por Ricardo Banana
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Dos R$ 16,5 bi a serem recebidos da venda da operação móvel, R$ 12 bi vão abater dívidas com BNDES e bancos, revela Rodrigo Abreu, presidente da companhia

Oi espera concluir o processo de venda de sua operação de telefonia móvel para TIM, Vivo e Claro em dois meses e com isso comemorar finalmente a chegada dos R$ 16,5 bilhões em seu caixa.

A cifra é considerada essencial para a sobrevivência da empresa, em recuperação judicial desde 2006. O processo foi aprovado pelo Cade, órgão que regula a concorrência, na semana passada em votação apertada e com uma série de condicionantes com as quais as empresas terão de se comprometer. A Anatel já havia aprovado, mas ainda pode rever a decisão.

Em entrevista ao GLOBO, o presidente da companhia, Rodrigo Abreu, contou que a maior parte dos recursos, cerca de R$ 12 bilhões, vão para o pagamento de dívidas.

Ao detalhar como será o processo de migração das linhas de celular vendidas às rivais, o executivo afirmou que, assim que o processo for concluído, os compradores passam a ter a responsabilidade pelos serviços dos cerca de 40 milhões de clientes atuais da Oi, que continuará operando o serviço até que seja concluída a migração dos usuários para cada compradora.

O processo de migração é estimado em 12 meses. E os clientes não precisarão, por exemplo, trocar seus chips, ele detalha.

De olho na recuperação e crescimento futuro da Oi, Abreu detalhou ainda que a pretende continuar vendendo imóveis, o que pode gerar uma arrecadação potencial de R$ 2 bilhões.

Quer ainda entrar na disputa dos clientes de fibra óptica e fala até em aquisições. “Uma vez terminado o período de supervisão da recuperação judicial, a companhia analisará todas as demais oportunidades de vendas ou aquisições caso façam sentido”, antecipou ele.

Veja a seguir os principais trechos da entrevista. Quando entram os recursos com a venda da operação móvel? Qual prazo?

Para receber os recursos, a operação precisa ser efetivamente concluída com as duas aprovações no Cade e Anatel.  Trabalhamos com a expectativa de que o fechamento ocorra o mais rápido possível. Há uma intenção de concluir em dois meses ou menos.

O impasse na Anatel preocupa após a Copel ter pedido a anulação da anuência prévia?

A decisão da Anatel segue válida. O que a agência está fazendo é verificando se existe uma necessidade de correção formal do rito de aprovação. Do ponto de vista de validade da apreciação e do mérito da aprovação, continua válido.

Em relação aos clientes, o que a Oi está fazendo na prática sobre esse processo de transferência dos clientes?

Estamos fazendo com que o processo de comunicação ocorra sem impacto. Apesar de a gente ter criado  três empresas que serão transferidas para as três compradoras , os clientes continuam sendo atendidos pelos mesmos canais, com os mesmos planos, serviços e preços.

Continuam recebendo a mesma conta ainda em nome da Oi. E antes que a transação seja concluída vamos fazer uma segunda rodada de comunicação para explicar as transferências e a assunção da responsabilidade a partir da data de fechamento pelas operadoras, que serão as recebedoras dos clientes.

Vai ser tudo feito de forma transparente para mostrar qual será a nova operadora do ponto de vista da responsabilidade. E todos os nossos canais estarão dispostos a tirar as dúvidas.Mas, então,  a partir da data do fechamento da operação, como vai ser esse processo?

Não existe mudança ou impacto para o cliente na data de fechamento.  Uma vez fechada a transação, a Oi vai continuar fazendo a operação móvel por um período para evitar qualquer ruptura aos clientes.  Existe uma expectativa de concluir essa transição em doze meses. O cliente vai precisar trocar de chip?

Não vai ser necessário. Vamos fazer uma transição de rede que gradualmente passa a ser incorporada às redes das compradoras.Mas a Oi tem muito cliente de telefonia fixa e banda larga. Qual cuidado a Oi vai ter para não perder esse cliente?

Os combos consistem de vários serviços agregados.  Temos um planejamento de segregação mantendo todos os serviços de maneira a não causar prejuízo ao cliente. Estamos chegando a quase 4 milhões de clientes em fibra óptica. Quantos funcionários da Oi serão absorvidos pelas rivais com a venda da Oi móvel?

Depende das negociações finais de absorção de pessoal por cada uma das operadoras. Uma parte de profissionais da Oi faz parte da operação e está junto com as transferências de ativos.

Tem um grupo que continua aqui para operar a rede nesse processo de transição e ao final desse processo de transição eles poderiam ser migrados para as operadoras novas.  Não estamos dando detalhes desses números.

Mas há intenção de Vivo, Claro e TIM absorverem esses funcionários?

Sempre que possível sim.

Como será usado esse valor de R$ 16,5 bilhões com a venda da Oi móvel ?

A venda da Oi Móvel vai cobrir o pagamento integral da dívida com o BNDES, que é de R$ 4,7 bilhões, além de parte do pagamento de bancos locais e de bancos de fomento.

Há ainda o pagamento das dívidas que a empresa fez nos últimos dois anos para poder atravessar esse período.

Estamos falando de um pagamento de mais ou menos R$ 12 bilhões.  E uma parte dos recebimentos será utilizada pela empresa para continuar a operação, fazer investimento e tocar a operação.

Toda a equação financeira não é só a venda da operação móvel. Temos ainda recebimentos  da unidade de infraestrutura (vendida para os fundos do BTG).

Quando entra o dinheiro com a venda da empresa de infraestrutura (de R$ 12,9 bilhões)?

Esse dinheiro só entra em caixa após a aprovação da Anatel. A previsão é tentar também dentro do primeiro trimestre também.  Como estão a venda de imóveis?

Vamos continuar a fazer uma otimização na nossa operação. Já foram cerca de R$ 400 milhões em imóveis. Temos um potencial de imóveis para venda de quase R$ 2 bilhões.  É um plano de longo prazo.Passada a venda da Oi Móvel, falta apenas vender TV por assinatura ou tem mais coisa para vender?

Uma vez terminado o período de supervisão da recuperação judicial, a companhia analisará todas as demais oportunidades de vendas ou aquisições caso façam sentido. Vale lembrar, por exemplo, que recentemente vendemos a nossa participação minoritária na empresa de satélites Hispamar.

(Folha de Pernambuco).

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