Vale do São Francisco se une no combate às moscas-das-frutas

Por Ricardo Banana
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imagemResponsável por 95% da manga e quase 99% da uva de mesa exportadas pelo Brasil, o Vale do São Francisco vem sendo ameaçado com o aumento da população de moscas-das–frutas, que se não for contido, pode provocar grandes perdas na produção frutícola e na economia da região.

Considerado o maior PIB agrícola do país com a geração de 250 mil empregos diretos e a produção anual de 1,5 milhão de toneladas de frutas e legumes, o Vale vem apresentando atualmente um nível de infestação preocupante da espécie Ceratitis capitata, mais conhecida como a mosca do Mediterrâneo, que possui mais de 200 hospedeiros, entre eles, a acerola, caju, goiaba, manga e uva.

Praga quarentenária que foi detectada pela primeira vez no Brasil em 1905, a mosca-da-fruta inviabiliza a comercialização dos frutos, tanto in natura quanto agroindustrializados, além de provocar prejuízos indiretos com as barreiras quarentenárias quando das exportações para os quatro cantos do mundo. O ciclo começa quando a fêmea deposita os ovos na fruta. Os ovos viram larvas que se alimentam da polpa causando o apodrecimento dos frutos. Depois a larva sai e vai para o solo e é ai que ocorre a formação das pupas, de onde saem os insetos adultos. Um adulto vive, em média, 35 dias no campo e cada fêmea coloca cerca de 500 ovos. A cada 28 dias, em média, a população cresce cinco vezes, além disso as moscas se deslocam facilmente pois conseguem voar até 10 metros de altura e 3 quilômetros de distância com ajuda de correntes de vento, isso faz com que a praga se espalhe de uma fazenda para os pomares vizinhos.

De acordo com a pesquisadora da Embrapa Semiárido, Beatriz Jordão Paranhos, esta praga encontrou no Vale do São Francisco um ambiente propício à sua proliferação. “Devido ao clima do Nordeste, com uma temperatura média anual de 26 graus, o inseto pode produzir até 13 gerações por ano. Quanto mais quente mais rápido o ciclo do inseto. As moscas-das-frutas atacam praticamente todas as variedades de frutas, menos aquelas de casca grossa, a exemplo do coco”.

Controle Cultural

Segundo a pesquisadora, dentre as formas de combate ao inseto, são três as mais eficientes: o controle cultural, biológico e químico. “A melhor forma e a de menor custo é utilizando o controle cultural. O agricultor deve manter a área limpa. Após a colheita, ele deve retirar todos os frutos maduros da árvore limpando também o chão. Como o inseto completa o ciclo no solo, temos de impedir que a larva saia do fruto, se transforme em pupa no solo e posteriormente em adulto. Desta forma, quebramos o ciclo do inseto e evitamos também a contaminação dos pomares vizinhos. É um trabalho conjunto. Não adianta um produtor tomar todas as precauções se o seu vizinho não está tomando também os devidos cuidados”, ensinou.

Durante os Dias de Campo, que vem sendo promovidos pela EMBRAPA Semiárido com o Comitê Técnico das moscas-das-frutas do Vale do São Francisco, formado pelas entidades:UNIVALE, VALEXPORT, EMBRAPA, MAPA, ADAGRO, ADAB, SEBRAE, MOSCAMED, ITEP, Sindicato Rural de Petrolina, Câmara da Fruticultura e Fruticultores, os produtores aprendem que é muito difícil acabar completamente com a praga, mas esta pode ser combatida com outros métodos de controle. Através da técnica do inseto estéril (TIE), bastante difundidas no mundo, a própria praga é utilizada no seu controle. São liberados machos esterilizados em campo que vão copular com fêmeas selvagens. Desta relação não são produzidos descendentes das moscas-das-frutas e com isso há uma diminuição significativa desta população. São inúmeras as medidas de controle e todas elas buscam quebrar o ciclo de vida da mosca.

O controle cultural, que consiste na catação e enterrio dos frutos não comercializados, numa profundidade mínima de 30 cm, deve ser uma prática constante nos pomares. O produtor também pode triturar os frutos para serem usados em compostos orgânicos e/ou alimentação animal, desde que deixe o pomar livre de frutos infestados. Já no controle químico, os insetos são combatidos através de pulverizações com produtos agroquímicos registrados pelo MAPA. Também podem ser usados atrativos em garrafas PETs para a coleta massal das moscas.

Manejo Integrado

Para a diretora de Uvas de Mesa da Univale – Conselho da União das Associações e Cooperativas dos Produtores de Uvas de Mesa e Mangas do Vale do Submédio São Francisco e presidente do Comitê Técnico das moscas-das-frutas do Vale do São Francisco, Iolanda Weis Naressi o manejo integrado incluindo as ferramentas biológicas no controle de moscas-das-frutas pode ser usado em todo o ciclo biológico do inseto mas deve ser iniciado com o monitoramento utilizando-se armadilhas com atrativos registrados que permitem a detecção das moscas no pomar. Quando o índice MAD (Moscas/armadilha/dia) atingir 0,5 deve-se começar a adotar as medidas de controle químico.

“Estas técnicas associadas ao controle cultural são as principais responsáveis pelos nossos avanços no combate às moscas-das-frutas, mantendo baixo o índice MAD. E nesta luta, os produtores de frutas são os maiores interessados no controle e os principais responsáveis para evitar a proliferação, desta que é considerada a maior praga da fruticultura no Brasil e no mundo”,completou Iolanda Weis Naressi.

De acordo com o vice-presidente da Univale, Arthur de Souza, o combate às moscas-das-frutas é tão importante hoje para entidade, quanto foi a criação do Selo de Indicação Geográfica de Procedência da Manga e da Uva do Vale do São Francisco para a Univale. Arthur de Souza lembrou ainda que o Comitê Fitossanitário Permanente da União Europeia suspendeu, em março deste ano, as importações de mangas e berinjelas da Índia justamente por que apresentavam contaminação por pragas como as moscas frutíferas não europeias.

“Nós estamos fazendo direito a lição de casa, entidades como a Embrapa e a Biofábrica Moscamed estão procurando alternativas para controlar os índices na região, inclusive aguardando a liberação de recursos por parte do Governo Federal, e o consumidor pode ficar tranquilo com relação a qualidade dos nossos frutos. Estamos atentos e empenhados nesta luta, com medidas preventivas e orientativas’’, concluiu o vice-presidente da Univale.

Clas Comunicação

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1 comentário

Marcio 30 de maio de 2014 - 11:36

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