Bernardinho chora ao falar do filho e pensa em deixar a seleção

Por Ricardo Banana
A+A-
Reset

Uma cena difícil de ver: Bernardinho chorando. Mas as lágrimas não vieram logo após a derrota para a Rússia na final da decisão do vôlei na Olimpíada de Londres, hoje, quando o Brasil desperdiçou dois match points no terceiro set e permitiu a virada do adversário.

Cumprindo o protocolo ao final da competição, o técnico da seleção brasileira de vôlei concedeu entrevista coletiva e falou sobre seu futuro no cargo, sobre o nó tático que o treinador russo conseguiu armar, sobre os motivos da derrota e o aprendizado com a derrota. Bernardinho estava calmo e mantinha um tom de serenidade em sua fala. Até que uma pergunta o fez desmoronar.

Lembrando que a decisão do ouro aconteceu, justamente, no Dia dos Pais, um repórter brasileiro perguntou ao treinador como era para ele ver o filho chorando no pódio. “Ainda bem que eu não vi”, respondeu de imediato. Depois disso, a voz falhou e ele não conseguiu segurar o choro. Enquanto Bernardinho tentava recobrar a fala, o intérprete traduzia aos estrangeiros o conteúdo da pergunta que abalou o técnico da seleção brasileira.

Com a voz embargada e muito emocionado, ele esboçou uma resposta. “Para qualquer pai é a coisa mais difícil.” Outra pausa, mais lágrimas. “Eu sei o quanto tem sido difícil para ele [Bruno], para a gente. A relação pai e filho dentro da quadra é complicada. Quando eu penso numa decisão [sobre permanecer no cargo], eu penso muito nisso. Penso que ele é um cara fundamental para 2016, e minha presença [na seleção] pode atrapalhar ele”, disse Bernardinho ainda enxugando as lágrimas no rosto. “Sei o quanto ele queria esse resultado, o quanto ele queria provar que eu não estava sendo um nepotista. Se for o caso, eu me faço à parte [da seleção] para que ele faça a parte dele”, completou.

Dessa vez, Bernardinho, técnico, não poupou elogios ao levantador. “Acho que ele foi o melhor jogador da Olimpíada na posição. Não tenho dúvidas. Ele fez o sistema funcionar. Com o apoio do Ricardo [Ricardinho, levantador reserva em Londres], ele fez uma trabalho muito importante.” Por fim, Bernardinho, pai, ressaltou o quanto é difícil estar ao lado do filho dentro da quadra. “Nem chorar junto a gente chora. Essa relação distancia muito mais do que aproxima. Minha decisão [sobre 2016] tem que considerar isso.”

“Em alguns momentos, há pessoas que tentam me atingir por meio do Bruno. Acho injusto porque, como técnico, acho que o Bruno foi o melhor levantador da Olimpíada”, afirmou Bernardinho. “É uma situação difícil, principalmente para o Bruno. E isso vai fazer parte da minha decisão de continuar ou não até 2016”. O técnico quer se dedicar exclusivamente a apenas um projeto. Se continuar na seleção, pretende deixar seu clube, o Rio de Janeiro. Ou vice-versa. “Olimpíada é o máximo, mas não é justo para o povo brasileiro que eu tome uma decisão baseada no meu ego”, concluiu.

Fonte: Folha-PE

Blog do Banana

Related Posts

Deixe um comentário